Números preliminares do sistema DETER-INPE sobre o desmatamento no primeiro semestre sinalizam uma grande queda na comparação anual e a terceira menor marca da série histórica, iniciada em 2015. Por outro lado, a quantidade de queimadas em junho foi a maior para o mês em 16 anos.
Faltando sete dias para o fechamento dos dados do primeiro semestre, o acumulado de alertas de desmatamento na Amazônia Legal estava em 2.416 km² – cerca de uma vez e meia o tamanho da cidade de São Paulo. É uma redução de 39% na comparação com os seis primeiros meses de 2022, informam g1 e TV Cultura. Com esse índice, a taxa do primeiro semestre de 2023 só ficou acima das marcas de 2017 e 2018. Nesses anos, os alertas de desmatamento totalizaram 1.332 km² e 2.213 km², respectivamente.
Entretanto, mesmo sem ainda atingir o período-pico de estiagem, quando os focos de incêndio costumam crescer, a Amazônia já registra um aumento expressivo no número de queimadas. De janeiro a junho, 8.344 focos de calor foram computados no bioma, de acordo com o INPE. O número, o maior desde 2019, representa um aumento de 10,7% em relação ao mesmo período de 2022.
Os estados que mais contribuíram para este aumento foram Mato Grosso, com 4.569 (55%); Pará, com 1.482 (18%); e Roraima, com 1.261 (15%) focos de calor no ano de 2023, de acordo com ((o))eco.
Em junho, segundo medições do INPE, foram 2.911 focos até 6ª feira (30), destaca o Metsul. É o maior número dos últimos 16 anos (só perde para junho de 2007, quando foram registradas 3.519 queimadas) e está 13% acima da média para o mês (2.682 focos). De janeiro até 30/06, já foram registrados 8.180 pontos de fogo no bioma.
O Pará, com 20% do total para o bioma no período, está em segundo lugar do ranking dos estados que mais queimaram. Desses, 61% foram em áreas declaradas como privadas, 15% em assentamentos, outros 15% em áreas sem definição fundiária, 3,6% em Terras Indígenas, 3% em Florestas Públicas e 2,4% em Unidades de Conservação,
Junho é considerado o segundo mês da estação seca na Floresta Amazônica, explica o site. Mas, historicamente, ainda apresenta números relativamente baixos de queimadas. Os meses de maior estiagem – e mais fogo – são julho, agosto, setembro e outubro.
É preciso reforçar que a devastação na Amazônia não é um problema apenas local. Além da perda de capacidade de regular o clima global, o desmatamento amazônico afeta os regimes pluviométrico e hidrológico de outras regiões brasileiras. De cada 100 árvores derrubadas no bioma, outras 22 morrem por falta de água que deixa de ser transportada pelos “rios voadores” – correntes de umidade levadas pelo ar. É o que aponta um estudo do Climate Policy Initiative/PUC-Rio, segundo O Globo.
Cerca de metade da chuva na Amazônia é reciclada na própria floresta, antes de retornar ao oceano. Os “rios voadores” garantem o aumento de chuvas no Centro-Oeste e no Sul, permitindo a manutenção de rios e a irrigação de campos e plantações. Mas, com menos árvores, há menos chuvas e menos recursos hídricos.