Com as previsões de que o fenômeno El Niño seja mais intenso neste ano do que na sua última ocorrência, em 2015, a pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) Luciana Gatti teme que os danos das mudanças climáticas na região sejam severos.
“Eu estou me preparando para ver a Amazônia arder em chamas. O El Niño vai ser pior que em 2015 e isso vai deixar a floresta super seca. A gente deveria ter decreto de proibição de queimada ampla e irrestrita, principalmente na região leste porque a floresta vai estar mais suscetível ao fogo”, diz Luciana Gatti.
Ela é autora de um estudo publicado recentemente na revista científica Nature, que revela um aumento de 122% nas emissões de carbono na floresta devido ao desmatamento, entre o período de 2010 a 2018 e os anos de 2019 e 2020, .
Para a cientista, a contenção das mudanças climáticas na Amazônia é urgente e depende da adoção de políticas integradas desde já.
“Para salvar a Amazonia deveríamos estar decretando desmatamento zero, queimada zero e implantar grandes projetos de restauração florestal para gente impedir a morte da floresta por esse estresse climático”, sugere.
A intensidade do fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento incomum do Oceano Pacífico preocuoa outros pesquisadores, além da Gatti.
Como publicado pelo Pará Terra Boa, para a bióloga brasileira Erika Berenguer, pesquisadora das universidades de Oxford e Lancaster, no Reino Unido, o El Niño pode desencadear uma “hecatombe ambiental” na Amazônia este ano ou no início do próximo.
Alguns especialistas tem ainda o que chamam de “tempestade perfeita” para a destruição do bioma, que é a convergência de desmatamento em alta e a ocorrência do El Niño.
Todos eles são concordam que o fenômeno climático acentua a temporada seca e quente na floresta amazônica, aumentando o risco de degradação por incêndios.
Por Fabrício Queiroz
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