A temporada do fogo de 2024 já pode ser considerada uma das piores da história recente da Amazônia. A combinação da estação seca com uma estiagem severa tornou a região mais inflamável e fez disparar o número de focos de calor. No Pará, somente até 23 de setembro já foram registradas 16.496 queimadas, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Esse é o maior número para um único mês desde setembro de 2017, quando foram contabilizados 15.735 focos.
Seguindo nesse ritmo, a tendência é que o estado ultrapasse em breve o quantitativo de incêndios de períodos anteriores. Em 2024, já são 35.468 queimadas registradas, bem próximo do total do ano passado que foi de 41.719. No cenário nacional, o Pará é o segundo do ranking do fogo, atrás apenas do Mato Grosso, que já chegou à marca de 44.142 focos. A gravidade do problema levou o governo estadual a decretar situação de emergência de nível 2 na semana passada.
Mas além do Pará, outros estados da Amazônia Legal vêm batendo marcas históricas neste ano, informa reportagem da Agência Brasil. O Amazonas, por exemplo, conta com 21.289 focos de incêndio. Desde 1988, quando começaram os registros, o recorde era o ano de 2022, com 21.217 focos registrados durante todo o ano.
Em todo o bioma amazônico o número de queimadas neste mês chega a 38.208. Já o acumulado do ano é de 101.397, superior aos 98.646 registros contabilizados em todo o ano passado.
O cenário é ainda mais crítico porque a região enfrenta ainda uma seca tão intensa quanto a de 2023, o que prejudica o acesso da população ao abastecimento e alimentação, transporte, serviços básicos e o desenvolvimento de atividades econômicas.
“No braço direito do Amazonas e do Pantanal temos vários pontos que já atingiram seca extrema e também mínima histórica”, disse Artur Matos, coordenador do Sistema de Alerta Hidrológico do Serviço Geológico Brasileiro (SGB), citando afluentes como o Rio Tapajós que passa uma crise de escassez hídrica, o Rio Purus, o Rio Madeira e o Rio Xingu.