O paraense hoje se questiona: até quando vai viver sob as ameaças de violência trazidas com o desmatamento, degradação ambiental e exploração ilegal de recursos naturais, tal como nosso vizinho Amazonas tem vivido com o escândalo internacional do desaparecimento de um indigenista brasileiro e um jornalista britânico no Vale do Javari?
Nesta segunda, 13/06, um relatório divulgado pelo Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) apontou que Altamira foi o maior emissor de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil em 2019.
Mas o que isso tem a ver com violência?
Esses gases nocivos ao meio ambiente são produzidos em sua maioria pelo desmatamento. E sabemos que para desmatar, antes, o invasor de terra ameaça comunidades ribeirinhas e indígenas para, depois, derrubar as árvores. Na sequência, o grileiro e invasor vende essa terra. Durante todo esse processo, a comunidade local fica à mercê dos invasores, sob o fio da navalha ou da bala. E o Pará é um dos líderes nesse quesito também.
Altamira e também Marabá, por exemplo, aparecem como os maiores números de assassinatos por motivação fundiária e agrária nos últimos 20 anos no Pará, segundo relatório produzido pelas Defensorias Públicas Agrárias. Foram 16 mortes em Marabá e outras 16 em Anapu, cidade vizinha a Altamira.
Além da violência, o desmatamento tem sido responsável pela maior parte das nossas emissões de gases de efeito estufa, em que os principais são o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N20).
Como áreas de florestas e os ecossistemas naturais são grandes reservatórios e sumidouros de carbono por sua capacidade de absorver e estocar CO2, quando acontece um incêndio florestal ou uma área é desmatada, esse carbono é liberado para a atmosfera, contribuindo para o aquecimento global.
Os gases de efeito estufa em Altamira vieram da derrubada de 575 km² de floresta naquele ano.
Para piorar, dos 10 municípios brasileiros que mais emitiram gases do efeito estufa em 2019, 5 estão no Pará. Altamira está ao lado de São Félix do Xingu, Pacajá, Novo Repartimento e Novo Progresso. Se pegarmos toda a Amazônia, dos 10 municípios poluentes, 8 são amazônicos.
Além disso, as emissões de GEE por outros setores, como agropecuária e energia, vêm aumentando consideravelmente ao longo dos anos.
Perigo
O CO2 é o gás que tem maior contribuição para o aquecimento global, pois representa a maior parte das emissões de GEE e o seu tempo de permanência é de, no mínimo, 100 anos, resultando em impactos no clima ao longo de séculos.
A quantidade de metano (CH4) emitida para a atmosfera é menor, mas seu potencial de aquecimento é 28 superior ao do CO2.
A concentração de óxido nitroso (N20) também é pequena, mas o seu potencial de aquecimento é 265 vezes maior do que o CO2.
Lista dos municípios e emissões de gases do efeito estufa (dados em milhões de toneladas de CO2e):
- Altamira – 35,2
- São Félix do Xingu – 28, 9
- Porto Velho – 23,3
- Lábrea – 23,2
- São Paulo – 16,6
- Pacajá – 16,2
- Novo Progresso – 14,9
- Rio de Janeiro – 13,8
- Colniza – 13,5
- Apuí – 12,5
- Novo Repartimento – 11,9
Fonte: G1, WWF, Repórter Brasil e Defensoria Pública do Estado do Pará
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