A cada mês o balanço sobre os alertas de desmatamento na Amazônia chega ao público. Você sabia que essas informações importantes para a proteção de toda a floresta são geradas em Belém? O trabalho é realizado na Coordenação Espacial da Amazônia, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), localizada no Parque de Ciência Tecnologia (PCT) Guamá, onde um minucioso processo de pesquisa e monitoramento ajuda a preservar o bioma.
Imagens geradas por satélite, softwares e equipamentos avançados e profissionais especializados nas diversas áreas do conhecimento contribuem para o trabalho do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que mapeia, em tempo quase real, a perda de vegetação e alterações na cobertura florestal em áreas de aproximadamente 1 hectare. Os dados obtidos geram os chamados alertas do desmatamento que são quantificam o tamanho das áreas afetadas e servem de subsídio para ação dos órgãos de fiscalização.
“Desde a implantação do Inpe no PCT, em 2010, uma das missões do Instituto tem sido diariamente atendida, que é a de monitorar desmatamento, degradação e exploração florestal da Amazônia em tempo quase real, atendendo demandas dos órgãos de fiscalização. As informações geradas em laboratório auxiliam na fiscalização, que procura evitar e/ou coibir o desmatamento ilegal”, ressaltou Alessandra Gomes, coordenadora espacial da Amazônia, em entrevista à Agência Pará.
De acordo com o líder técnico do Deter, Arlesson Souza, diferentes formas de perturbação são observadas diariamente pela equipe, como áreas de mineração, cortes seletivos, queimadas e exploração madeireira. As informações são analisadas com uso do software TerraAmazon, desenvolvido pelo próprio Inpe, e auxilio de ferramentas como bancos de dados e levantamentos cartográficos.
Os dados ficam disponíveis no portal TerraBrasilis, uma plataforma livre para acesso, consulta e análise de informações geográficas de monitoramento da vegetação nativa. A ideia é que o portal sirva tanto para a população em geral quanto para que órgãos de governo e demais instituições saibam dos riscos de degradação mesmo em níveis baixos.
“Ter essas respostas principalmente em níveis de degradação, de que a floresta não seja convertida para cortes rasos. Então se os órgãos parceiros de comando e controle, Semas, Ibama, ICMBio, têm essas informações antes do processo de derrubada total da floresta, e com isso há possibilidade de evitar essa conversão”, explica Arlleson Souza.
No Pará, onde o Deter revelou uma queda de 67% nos alertas de desmatamento de abril, além de redução no mesmo patamar nos 15 municípios prioritários para combate ao desmate, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) enfatiza a importância do sistema Deter para o reforço das políticas de comando e controle.
“As informações obtidas são importantes para o planejamento das fases da Operação Amazônia Viva e da Operação Curupira, que conta com bases fixas em São Félix do Xingu, Uruará e Novo Progresso. Os dados são analisados e orientam o planejamento das equipes que vão a atuar no combate ao desmatamento”, destaca o titular da Semas, Mauro O’ de Almeida.