Representantes de povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais, movimentos sociais e organizações do terceiro setor se reuniram em Santarém, no oeste do Pará, durante o “Encontro das Águas: Construindo uma Gestão Hídrica Participativa no Tapajós”. O evento teve o objetivo de fortalecer a articulação entre os diferentes grupos sociais que atuam pela conservação dos recursos hídricos e a gestão participativa da bacia hidrográfica.
O Encontro das Águas foi pensado como um espaço de escuta e compartilhamento para que as organizações pudessem construir coletivamente estratégias coletivas para a governança das águas e proteção dos rios. Para isso, foram realizados debates, análises de conjuntura e um curso denominado “Formação de Defensores e Defensoras das Águas do Tapajós”.
Entre os participantes estava Maria Leusa, liderança do Povo Munduruku, que destacou a importância do estabelecimento de uma rede de cooperação entre indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pescadores e extrativistas para mobilizar a resistência em prol do rio Tapajós.
“É um momento em que nos reunimos, nos encontramos, e nos fortalecemos em nossa luta pela proteção do Tapajós e a vida do nosso povo. O rio Tapajós é fundamental para nossa existência e resistência. Ele é um símbolo da nossa luta e da nossa defesa contra as ameaças que estão surgindo. Estamos construindo um caminho para o futuro, lutando pela defesa da nossa vida”, afirmou Maria Leusa.
O Encontro das Águas marcou também o início do projeto “Rumo a uma Gestão Participativa da Água na Bacia do Tapajós”. A iniciativa visa criar processos que permitam às populações tradicionais atuarem de forma ativa, qualificada, reconhecida e empoderada nos debates políticos sobre as águas do Tapajós.
“A chegada desse projeto ao Tapajós é de suma importância. Ele não traz soluções prontas, mas busca alinhar a luta já existente nos territórios, reafirmando nossa resistência. É fundamental valorizar nossos conhecimentos tradicionais e ancestrais, toda a cosmovisão de luta que já se pratica nos territórios, alinhada a essa ferramenta de proteção dos rios. Nossa perspectiva é fortalecer nossa força coletiva, juntamente com os povos indígenas e comunidades tradicionais, para que possamos nos empoderar cada vez mais sobre esse tema”, declarou Concita Sompré, presidente da Federação dos Povos Indígenas do Pará (FEPIPA).
O evento foi organizado pelo Movimento Tapajós Vivo (MTV), FEPIPA, Instituto Centro de Vida (ICV) e WWF-Brasil e apoio de professores da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).