Mais uma má notícia para o produtor brasileiro: as emissões de gases de efeito estufa bateram novo recorde em 2023, segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Esse aumento, impulsionado principalmente pela queima de combustíveis fósseis e pelo desmatamento, deixa o planeta mais quente e gera uma série de consequências negativas para a agricultura brasileira, como secas mais frequentes e intensas, como a que o Norte está vivendo.
Isso porque as altas temperaturas aceleram a evaporação da água do solo, intensificando a seca, reduzindo a vazão dos rios e a disponibilidade hídrica para as culturas. Além disso, as chuvas estão se tornando mais irregulares, com períodos de estiagem prolongada intercalados por chuvas torrenciais, o que prejudica o desenvolvimento das plantas, aumenta a erosão do solo e dificulta o planejamento agrícola.
“Há uma ligação direta entre o aumento das emissões e os desastres climáticos cada vez mais frequentes e intensos. Em todo o mundo, as pessoas estão pagando um preço terrível. Emissões recordes significam temperaturas marinhas recordes que potencializam furacões monstruosos; o calor recorde está transformando as florestas em barris de pólvora e as cidades em saunas; chuvas recordes estão resultando em inundações bíblicas”, alerta secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres.
A combinação desses fatores – seca, temperaturas extremas e ocorrência de pragas e doenças – resulta em perdas significativas na produção agrícola, afetando a renda dos agricultores. A redução da produção, por sua vez, impacta a oferta de alimentos e insumos para a indústria, gerando instabilidade nos preços e afetando a economia como um todo.
De acordo com a Confederação Nacional dos Municípios (CMN), as mudanças climáticas causaram prejuízo de R$ 6,67 bilhões ao agronegócio só em 2024
Essa mudança parece ter vindo para ficar, o que significa que não apenas esses eventos extremos vão continuar, como podem ficar ainda mais fortes. Para que esse cenário se tranforme é preciso que governos de todo o mundo reduzam rápida e drasticamente a queima de combustíveis fósseis. No caso do Brasil, é necessário ainda enfrentar com coragem a questão do desmatamento e das queimadas: não dá aceitar que o lucro de poucos se dê às custas do prejuízo da maioria.
Além disso, é fundamental que o governo, o setor privado e a sociedade civil trabalhem em conjunto para encontrar soluções para esse problema complexo. A promoção de políticas públicas que incentivem a agricultura sustentável, o investimento em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias limpas e a conscientização da população sobre a importância da preservação do meio ambiente são medidas essenciais para garantir a segurança alimentar e a sustentabilidade do setor agrícola brasileiro.