Uma das medidas mitigadoras estabelecidas pelo Licenciamento Ambiental Federal (LAF) para empreendimento causador de impacto ambiental resultou, nos últimos 12 anos, na reabilitação de mais de 1.300 animais silvestres. O trabalho em questão é desenvolvido pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) mantido pela Mineração Rio do Norte (MRN), empresa que explora bauxita na Floresta Nacional (Flona) Sacará-Taquera, em Porto Trombetas, no Pará.
A instalação e a operação de alguns projetos com potencial poluidor que passam pelo licenciamento ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) acarretam transtornos à fauna local. A depender da região da implementação do empreendimento e do grau do impacto sobre a fauna, a assistência aos animais afetados pode ficar prejudicada por falta de Cetas nas proximidades. Para mitigar esses impactos, o Instituto determina a alguns empreendedores que estabeleçam, no escopo de seus projetos, a criação, a ampliação ou o suporte financeiro aos centros que atenderão aos animais impactados pelas atividades desenvolvidas. No caso da MRN, uma das condicionantes para funcionamento da mineradora resultou na criação do Cetas no interior da Flona, em 2012.
A atividade desenvolvida pelo centro consiste no recebimento de animais para tratamento, pelos veterinários, biólogos e tratadores, a partir de apreensões realizadas em operações contra o tráfico, de entregas voluntárias ou de resgate. Cerca de 66% dos animais recebidos no Cetas da MRN tiveram condições de voltar à natureza, enquanto 22% foram encaminhados a instituições de pesquisa (materiais biológicos no caso de óbito) e 12% encaminhados ao zoológico Zoounama de Santarém (PA), quando considerados inaptos para serem soltos. Os dados são fornecidos ao Ibama por meio das autorizações de fauna (Abios).
A equipe médica do Cetas atua, ainda, no apoio ao resgate de animais da Flona que são, de alguma forma, impactados pelas atividades da mina, como no caso de supressão de vegetação. O trabalho dos profissionais envolve atendimento clínico, identificação de patologias, reintegração aos hábitos selvagens e, também, ações de educação ambiental e capacitação para manejo de fauna voltadas à comunidade.
Em junho, por exemplo, os veterinários resgataram uma preguiça-de-três-dedos (Bradypus tridactylus), que necessitou de cirurgia. O espécime ficou internado por três dias até se recuperar e ser considerado apto para retornar à vida livre. “O tratamento deve ser concluído no menor tempo possível para evitar a perda do comportamento selvagem”, explica Anna Mendo, Analista Ambiental da Coordenação de Licenciamento Ambiental de Mineração e Pesquisa Sísmica Terrestre do Ibama.
Fonte: Ibama