O monitoramento realizado pelo Observatório Copernicus, administrado pelo Programa Espacial da União Europeia, mostra que em 11 meses de 2024 a temperatura média do planeta ficou acima de 1,5ºC na comparação com os padrões pré-industriais. De acordo com o estudo, a média ficou em 1,6ºC, o que torna o ano passado o mais quente da história e o primeiro a superar o índice de alerta definido pelo Acordo de Paris.
O relatório aponta que de janeiro a junho de 2024 foram registrados os meses mais quentes do que o de qualquer ano anterior, porém o dia mais quente foi em 22 de julho, quando os termômetros bateram a média de 17,16°C. Antes disso, o ano de 2023 já tinha sido considerado o mais quente pela mesma instituição, que faz o acompanhamento dos fenômenos climáticos desde 1850.
A razão por trás disso, segundo o estudo, é o aumento das emissões de gases do efeito estufa. A taxa de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, por exemplo, aumentou para 442,1 ppm (partes por milhão), que é 2,9 ppm a mais do que a média de 2023. Já a concentração de metano (CH4) aumentou para 1897 ppb (partes por bilhão), que é 3 ppb acima da média do ano anterior.
“Os nossos dados apontam claramente para um aumento global constante das emissões de gases com efeito de estufa e estes continuam a ser o principal agente das alterações climáticas”, afirma Laurence Rouil, diretor do Centro Europeu.
O impacto disso pode ser observado nos eventos extremos registrados no ano passado. A elevação da temperatura fez com que aumentasse também a temperatura média anual da superfície do mar, que chegou ao recorde de 20,87°C. Com os oceanos mais quentes, há mais vapor de água na atmosfera, o que facilita a formação de chuvas mais fortes e mais intensas.
Além disso, o calor nos oceanos contribui para mudanças nos padrões de chuva e favorece o prolongamento de secas, como as enfrentadas na Amazônia nos últimos dois anos. Os dados apontam ainda que, apesar do planeta ter sofrido com a influência do El Niño, o fenômeno já encerrou e as temperaturas continuam altas, o que reforça que o aquecimento está com o acúmulo e aumento das emissões de gases do efeito estufa.