Às vésperas do encerramento da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP28), realizada em Dubai, ainda não há acordo em relação ao texto do Global Stocktake (GST), uma espécie de balanço da implementação das metas assumidas com o Acordo de Paris. Nesta segunda-feira, 11, a delegação brasileira apresentou em coletiva à imprensa uma avaliação do documento criticando, por exemplo, a falta de menção à eliminação da produção e consumo de combustíveis fósseis.
Para a ministra do meio ambiente e mudança do clima, Marina Silva, o GST apresenta alguns avanços ao estabelecer ambições alinhadas com a limitação do aumento da temperatura em até 1,5º C acima dos níveis pré-industriais e com as propostas da agenda de adaptação defendidas pelo Brasil. Além disso, o texto menciona a necessidade de redução das emissões nos processos relacionados à geração de energia.
Por outro lado, Marina Silva considera que o documento ainda carece de ajustes ao tratar de aspectos como a viabilidade da aplicação do REDD+ às florestas. Outra critica envolve a falta de clareza sobre os esforços necessários para eliminação do uso de combustíveis fósseis considerando as peculiaridades nacionais.
“Uma das insuficiências é não estar ali estabelecido a questão dos esforços para eliminação em relação a combustível fóssil. Não é só a questão de redução de emissão, é também uma melhor clareza entre o balanço entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento”, explicou a ministra.
A prévia do GST diz ainda que a redução do consumo e da produção de combustíveis fósseis deve ocorrer de forma a zerar as emissões de carbono até 2050, o que para Marina Silva é incompatível com o propósito de conter o aumento de temperatura do planeta em 1,5º C.
“O texto que nós consideramos mais adequado é um texto mais ambicioso. Ele não está ambicioso em relação a prazos e não está ambicioso em relação a questão de como trabalhar esse processo de eliminação, que é aquilo que o presidente Lula falou da dependência das nossas economias de produtores e consumidores”, esclareceu.
Durante a coletiva foi afirmado que o Brasil vai continuar trabalhando no âmbito das negociações bilaterais e multilaterais para que o documento seja revisto. A previsão é que o GST seja apresentado nesta terça-feira, 12, no entanto só será considerado aprovado e servir de base para as metas climáticas globais, caso consiga o apoio das cerca de 200 nações que integram a Convenção-Quadro da ONU.