Diferentes estudos científicos já demonstraram a importância da polinização de insetos como abelhas e besouros para manter a produção de frutos como o açaí. Uma pesquisa recente publicada na revista “Arthropod-Plant Interactions” foi além e estimou quanto custa os serviços ambientais prestados por esses polinizadores. De acordo com o artigo assinado por profissionais da Universidade Federal do Pará e do Instituto Tecnológico Vale (ITV), esse trabalho vale cerca de R$ 706 milhões por ano.
O cálculo foi baseado em dados do Censo Agropecuário de 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), considerando o valor de produção de 13 espécies de palmeiras típicas da Amazônia. Esse custo seria de R$1,17 bilhão por ano, sendo que 60%, ou seja, mais de R$ 700 milhões, desse valor de produção vem do trabalho de polinizadores
Durante a polinização, os insetos transportam grãos de pólen de uma flor para outra, garantindo a produção dos frutos pelas plantas e a sobrevivência de outros insetos, mantendo assim um ciclo ecológico.
“Eles (polinizadores) têm uma importância econômica muito grande, e é mais fácil compreender esses serviços prestados principalmente por insetos para a produção de alimentos a partir de cifras monetárias”, explicou à Agência Bori a pesquisadora do ITV e uma das autoras do estudo, Tereza Cristina Giannini.
Ela ressalta ainda que palmeiras como açaí são recursos essenciais para a manutenção dos modos de vida de populações tradicionais, seja por seu papel no extrativismo ou na alimentação desses grupos.
Da mesma forma, William de Oliveira Sabino, que também é coautor da pesquisa, lembra que chamar a atenção para o processo de polinização é uma forma de evidenciar as interações que mantêm a biodiversidade, além de colocar em pauta a necessidade de adoção de medidas para conservar essa dinâmica e conter os impactos ambientais.
“Existe um ciclo de dependência entre as pessoas e a floresta que, por sua vez, depende de polinizadores para continuar existindo. Então, aquilo que afeta o habitat natural dos animais pode afetar, consequentemente, a produção agrícola”, esclarece o pesquisador.