Por Fabrício Queiroz
A área sob alerta de desmatamento na Amazônia foi a menor nos últimos oito anos, aponta o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que apresentou nesta quarta-feira, 7, os dados do sistema Deter para o período de agosto de 2023 a julho de 2024. O monitoramento mostra que no último ano foram perdidos 4.314,76 km² de floresta, o que representa uma redução de 45,7%% em comparação com igual período entre 2022 e 2023. No Pará, os índices de alerta caíram 42% entre os dois anos, atingindo uma área de 1.200 km².
Na contramão dessa tendência, em julho houve alta de 33% em comparação com julho do ano passado. No período, foram desmatados 666 km² contra 500 km² no ano anterior. Ainda assim, o balanço é animador, já que em todo o período analisado a área sob alerta foi a menor em toda a série histórica. Os dados também indicam que a taxa oficial de desmatamento medida pelo sistema Prodes no mesmo intervalo de tempo deve ter uma queda em nível semelhante, conforme analisou Cláudio Almeida, coordenador de programas do Inpe.
“Em todos os anos esse é um período de aceleração do desmatamento. Temos questões atípicas como uma seca intensa e o período eleitoral, que via de regra cria dificuldades nos processos de controle por conta do estímulo à ocupação em muitas áreas. E também tem a greve do Ibama, que traz consequências”, disse o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), João Paulo Capobianco, sobre a série de fatores que contribuíram para o aumento no mês de julho.
Na coletiva conjunta do MMA com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), foi apresentado ainda o levantamento em cada estado da Amazônia Legal. Todos tiveram redução no desmatamento, porém as quedas mais expressivas foram observadas em Rondônia (63%), Amazonas (58%), Acre (54%), Mato Grosso (52%) e o Pará em quinto.
Já nos 70 municípios classificados como prioritários pelo Governo por concentrarem mais da metade de toda a devastação do bioma, o recuo foi de 53 %. Nessas regiões estão concentradas as principais operações do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm), além dos investimentos do programa União com os Municípios, que apoia projetos para a agricultura familiar e implementação de sistemas agroflorestais como alternativas para o desenvolvimento econômico.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, comemorou os resultados que, em sua avaliação, são fruto da estratégia transversal que combina ações de comando e controle com o incentivo a atividades produtivas sustentáveis. Segundo a titular do MMA, a meta do governo braisleiro é zerar o desmatamento em todos os biomas e, por isso, a experiência na Amazônia será replicada para as diferentes regiões.
“Cada vez mais daqui pra frente vamos dos ministérios da dinâmica do desenvolvimento, olhando para a agricultura, para a energia, para o transporte, para todos os setores porque é isso que vai fazer com que o desmatamento tenha uma queda consistente não apenas por ação de comando e controle”, afirmou Marina Silva.