O Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD), desenvolvido pelo MapBiomas, revelou que a devastação da floresta nativa no País caiu pela primeira vez em cinco anos. O estudo divulgado nesta terça-feira, 28, traz também boas notícias para a Amazônia e para o Pará, que não foram nem o bioma nem o estado com maiores índices de desmatamento, apresentando reduções superiores a 60%.
De acordo com o levantamento, em 2023, a área desmatada no Pará foi de 184.763 hectares, o que representa uma queda de 60,3% em comparação com 2022, quando a devastação alcançou 465.074 hectares. Com isso, o estado saiu topo do ranking do desmatamento, ocupa a quarta colocação e se coloca como parte da solução climática ao contribuir com a preservação da Amazônia.
No contexto do bioma amazônico, o balanço também foi positivo, com redução de 62,2% no desmatamento. Foram 454.271 hectares perdidos no ano passado contra 1.202.628 no ano anterior. Com esse resultado, a região deixou de ser a área mais desmatada do País pela primeira vez no histórico do estudo, sendo ultrapassada pelo Cerrado, onde 1.110.326 hectares foram consumidos durante o ano.
Viznhos preocupam
As áreas vizinhas à Amazônia são um novo foco de atenção dos pesquisadores devido à escalada do desmatamento na região com crescimento de 68% no período. A principal preocupação envolve os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, conhecidos como Matopiba, que responderam por 47% do desmate do Cerrado e uma área total devastada de 858.952 hectares, quase o dobro da Amazônia. Em todo o Brasil, o desmatamento atingiu mais de 1,8 milhão de hectares, cerca de 11,6% a menos no comparativo com 2022.
“Houve redução no tamanho médio dos alertas e na área desmatada na maioria dos estados, incluindo a crítica região do Amacro (Amazonas, Acre e Rondônia). Por outro lado, observa-se um possível deslocamento deste desmatamento, que está crescendo em outros biomas, particularmente no Cerrado, que apresentou a maior área desmatada no Brasil em 2023”, aponta Larissa Amorim, da equipe de Amazônia do MapBiomas.
Pressão da agropecuária e garimpo
Apesar da queda no desmatamento na Amazônia, o problema ainda precisa ser mais combatido na região. Estimativas apontam que a área de floresta nativa perdida no ano passado equivale a cerca de 1.245 hectares por dia ou aproximadamente 8 árvores por segundo.
Os dados coletados indicam ainda que o dia com maior área desmatada foi 15 de fevereiro, quando uma área de quase 6 mil campos de futebol foi desmatada em apenas 24 horas.
Além de apresentar os dados do desmate, o RAD aponta os principais vetores do problema, que são sobretudo a expansão da agropecuária e, no caso do Pará, a pressão do garimpo, que levou à destruição de mais de 37 mil hectares de floresta nativa nos últimos cinco anos no estado.
Da mesma forma, o trabalho ressalta a importância de fortalecer as políticas de conservação, já que as diferentes categorias de áreas protegidas apresentam os menores índices de devastação.
Em 2023, o desmatamento em Terras Indígenas (TIs) alcançou 20.822 hectares, o que representa 1,1% do total do País. Já nas unidades de conservação (UCs), a queda no desmate foi de 53,5% e nas UCs de proteção integral a redução foi de 72,3%.
Para conferir o estudo completo do RAD 2023, clique aqui.