Por Fabrício Queiroz
Os ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e Ciência, Tecnologia a Inovação (MCTI) divulgaram na noite de quarta-feira, 3, os dados de alertas de desmatamento na Amazônia pelo sistema Deter até junho de 2024. De acordo com o monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), houve queda de 31,2% na área sob alerta na região, passando de 663 km² para 457 km². No Pará, a redução foi ainda maior: 38,4%, saindo de 301,89 km² para 185,81 km² afetados no período.
Apesar da queda nos índices, o estado segue como líder no ranking do desmatamento, seguido pelo Amazonas, com 136,75 km²; e o Mato Grosso, com área de 51,13 km² sob alerta.
“Um dado relevante é que a redução do desmatamento está ocorrendo em todos os estados. É uma realidade hoje que se espalha pela Amazônia”, analisou João Paulo Capobianco, secretário-executivo do MMA.
No balanço de agosto de 2023 a junho de 2024, o recuo da degradação da floresta é ainda mais expressivo. No acumulado do período, a queda chega a 51,1%, com uma área afetada de 3.644 km² em toda a Amazônia frente aos 7.452 km² do ano anterior. Já no Pará, os alertas caíram 47,2% no mesmo período, saindo de 2.642 km² para 1.396 km².
Municípios prioritários
Nos 70 municípios prioritários que concentram mais da metade de todo o desmatamento da região, a retração foi de 59,3%. Na avaliação da ministra Marina Silva, o resultado é fruto do esforço direcionado às ações de comando e controle e de incentivo ao desenvolvimento sustentável organizadas dentro do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), que completou um ano de execução.
“O pacto que nós fizemos com os municípios que mais desmatam entrou em uma segunda fase que não é apenas ação de comando e controle, mas também, com recursos do Fundo Amazônia, a gente vai começar a estabelecer uma dinâmica de regularização ambiental, de regularização fundiária para quem pode ser regularizado, de projetos de desenvolvimento sustentável. É a forma de fazer com que o desmatamento caia de forma consistente porque nós estamos substituindo o que não pode por aquilo que pode: ações de manejo florestal, bioeconomia, aumentar a produção no setor agrícola e pecuária por ganho de produtividade e não mais pela expansão da fronteira agrícola”, detalhou a ministra.
Com os dados recentes, a previsão é que haverá queda na taxa anual de desmatamento medida pelo sistema Prodes, que calcula a perda de vegetação de agosto de um ano até o mês de julho do ano seguinte. Marina Silva, porém, mostrou confiança com o alcance de uma meta ainda maior: o desmatamento zero.
“Com essa queda continuada de desmatamento, a gente vai poder sim alcançar o desmatamento zero. Eu espero que a gente consiga deixar o coeficiente necessário para dizer, até 2026, se continuar com essa trajetória, nós vamos alcançar o desmatamento zero”, afirmou.