Empresário “maior devastador” da Amazônia, preso em 3 de agosto pela Polícia Federal por grilagem e desmatamento ilegal de 6,5 mil hectares de floresta, foi, sozinho, responsável pela emissão de ao menos 3,2 milhões de toneladas de gás carbônico, segundo cálculos do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
O montante é aproximadamente 70% das emissões anuais do estado do Amapá ‒ cerca de 4,5 milhões de toneladas de CO2, indica o SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases do Efeito Estufa).
Segundo as investigações da Polícia Federal, Bruno Heller invadiu ao menos 21 mil hectares de terras públicas e tentou emular a posse das áreas com registros irregulares no CAR (Cadastro Ambiental Rural).
“É inadmissível um indivíduo causar um dano tão grande para todos nós, aumentando ilegalmente nossas emissões de carbono e distanciando o Brasil de cumprir seus compromissos internacionais com o clima do planeta”, avalia André Guimarães, diretor executivo do Ipam
O caso reforça estudos que já indicavam a relação entre grilagem e florestas públicas na Amazônia. Cerca de 50% do desmatamento na Amazônia brasileira ocorre em terras públicas.
Em março de 2023, Ipam e Abrampa (Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente) publicaram uma nota técnica com um diagnóstico do avanço da grilagem e do desmatamento em áreas públicas na Amazônia e recomendações de medidas para o combate aos crimes ambientais.
Entre as soluções propostas, está o cancelamento ou suspensão de CAR total ou parcialmente sobrepostos a áreas públicas e a destinação das florestas públicas ainda não designadas para a conservação, pontos que integram o novo PPCDAm (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal).
Fonte: Ipam