Por Fabrício Queiroz
O desmatamento na Amazônia brasileira caiu em julho para o nível mais baixo para o mês desde 2017, A queda foi de 66%. No primeiro semestre, os resultados também apresentaram redução: de 42,5% no bioma em geral, e de 39%, no Pará. Os dados são do sistema Deter, que utiliza imagens de satélite de alta precisão para monitorar casos de corte raso, degradação florestal, incêndio florestal, mineração e corte seletivo.
Eles foram apresentados na manhã desta quinta-feira, 3, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em uma coletiva de imprensa que contou com a participação dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação e do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
Segundo o levantamento, os avisos de desmatamento e degradação na região atingiram uma área de 7.962 Km², sendo em grande parte distribuída pelos estados do Pará, Mato Grosso e Amazonas. No território paraense, a supressão da floresta nativa alcançou 2.879 Km², enquanto que os estados vizinhos foram responsáveis por 1.951 Km² e 1.488 Km², respectivamente.
Apesar disso, como ressaltou João Paulo Capobianco, secretário executivo Ministério do Meio Ambiente e Mudanças do Clima, a região está passando por um processo de inversão da tendência verificada até o final do ano passado. De agosto a dezembro de 2022, o Deter mostrava um avanço de 54,1% nos alertas de desmatamento.
“A meta buscada nesse início de governo, através das ações coordenadas pela secretaria de controle do desmatamento e as ações de campo do Ibama e do ICMBio, permitiu de forma absolutamente inquestionável a mudança na curva, ou seja, saímos de aceleração para redução. Isso abre uma enorme oportunidade de avançarmos nas políticas nos próximos meses com a ação do PPCDam (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia)”, afirmou Capobianco, que também comemorou a queda recorde de 66% nos registros de supressão da floresta em julho.
Aliado a isso, foram apresentados dados que demonstram a atuação mais efetiva dos órgãos ambientais na região. No último semestre, o Ibama expediu 3.967 autos de infração, emitiu mais de R$ 2 bilhões em multas e embargou 2.604 propriedades que avançavam sobre as áreas de reserva lega no bioma amazônico. Já o ICMBio expediu 1.143 autos de infração, considerando tanto a fauna quanto a flora; multou em R$ 309 milhões os devastadores e fez 401 embargos.
Para a ministra Marina Silva, os resultados são frutos de uma estratégia que privilegiou a adoção de medidas emergenciais de controle á devastação, bem como a elaboração de políticas estruturantes que se tornaram mais efetivas com o PPCDAm lançado em junho passado.
“Isso enche a gente de satisfação, mas, ao mesmo tempo, nós sabemos que é preciso uma mudança estruturante com o que estamos pensando em bioeconomia, infraestrutura para o desenvolvimento sustentável, agricultura de baixo carbono, agregação de valor aos produtos e assim por diante”, destacou Marina Silva.
Por sua vez, a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação Luciana Santos frisou a importância da contribuição da ciência para a mitigação das mudanças climáticas e que a estratégia que visa o desmatamento zero até 2030 continuará sendo prioritária para a pasta.
“No MCTI temos o objetivo de usar as nossas melhores capacidades a superação desse desafio que, para além de brasileiro é também global”, pontuou.