A emergência climática coloca todo o planeta diante do desafio de explorar atividades produtivas que sejam compatíveis com o uso racional e sustentável dos recursos naturais. Com esse objetivo em mente, iniciativas ligadas à bioeconomia vêm ganhando espaço no debate ambiental. No campo prático, o Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, nos lembra que o Pará já saiu na frente com o lançamento do Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio) em execução há mais de um ano e que tem conduzido o estado rumo a um modelo de desenvolvimento que respeita a natureza.
Lançado durante a 27ª Conferência do Clima das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP27), realizada no Egito, o PlanBIo foi elaborado com base na Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC) e está integrado à estratégia de desenvolvimento socioeconômico de baixo carbono do Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA). Os objetivos são fortalecer atividades baseadas na floresta em pé e conectar empresas, universidades, governos, bancos, novos negócios e a sociedade em torno de soluções da bioeconomia.
Em cerca de um ano e meio de implementação, 48% das 92 das ações previstas já foram executadas e já trazem benefícios diretos para mais de 67 mil pessoas.
“Já são 275 negócios apoiados, impactando cerca de 67 mil pessoas, com um investimento significativo de mais de R$ 34 milhões. Estamos impulsionando a transição socioeconômica de baixo carbono no Pará, a partir de três eixos fundamentais e mais de 90 ações, com foco não apenas em resultados imediatos, mas também uma projeção ambiciosa de gerar R$ 129 bilhões em receita até 2040. Com o PlanBio, o Pará está na vanguarda da bioeconomia no Brasil, promovendo sustentabilidade e inovação”, disse o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Mauro Ó de Almeida, à Agência Pará na COP28.
As ações do PlanBio são direcionadas para as áreas de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação; Patrimônio Cultural e Patrimônio Genético e Cadeias Produtivas e Negócios Sustentáveis, envolvendo o trabalho integrado de 18 secretarias. De acordo com a Camila Miranda, responsável pela pasta de Bioeconomia da Semas, a ideia é atender as demandas dos ambientes que formam a biodiversidade do Pará, como florestas, campos naturais, mangues e maretórios.
Nesse sentido, uma das necessidades detectadas e já atendidas foi a oferta de uma linha de microcrédito pelo Banpará para que produtores familiares possam investir em sistemas agroflorestais (SAFs) e outras atividades que promovam sustentabilidade ambiental e social. A expectativa é que novas oportunidades surjam a medida que avança a execução do plano.
“No nosso planejamento de 2024 até 2027, está previsto, por enquanto, com os recursos que a gente já tem captado, ampliar a execução do Planbio para 20 territórios coletivos. Acho que é importante falar isso para mostrar o quanto é potente e reverbera na captação de recursos externos e no planejamento do estado”, afirma Camila Miranda.
Bioeconomia nos planos G20
Com o Pará assumindo uma posição de referência no debate da agenda climática com a realização da COP30 em 2025, a experiência paraense pode se tornar uma inspiração para as maiores economias do mundo. O tema é uma das principais pautas do Brasil durante o mandato à frente do G20, grupo que reúne os 19 países mais ricos do mundo, além da União Africana e da União Europeia.
Como parte do dever de casa, o País também já está em processo de construção da Política Nacional de Bioeconomia e do Plano Nacional de Bioeconomia. Em coletiva durante o Dia Internacional da Biodiversidade, no último 22 de maio, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou que a área é uma aposta do governo para promover “um novo ciclo de prosperidade, com alternativas econômicas, sociais e de segurança alimentar, baseadas na natureza”.
“Nosso país é megadiverso, está no topo dos países megadiversos, e nós temos algo em torno de 17% a 20% da biodiversidade do planeta. Logo, nós temos muitas possibilidades de criar cadeias de valor, novos produtos, novos materiais. Só que, para isso, precisamos dos corretos investimentos”, afirmou Marina Silva, à Agência Brasil.
A atração de investimentos pode impulsionar a bioeconomia e ampliar seus benefícios socioeconômicos a longo prazo. Dados do MMA, indicam que, somente na Amazônia, a área pode gerar US$ 2,5 bilhões ao ano, com possibilidade de atingir US$ 8,1 biliões até 2050.