Estruturar o financiamento em ciência, tecnologia e inovação, além de garantir apoio técnico para resolver desafios concretos enfrentados pelas populações no fortalecimento da bioeconomia. Esse foi um tema das discussões durante a atividade “Inovação Orientada para Missões para alavancar as Bioeconomias da Amazônia”, mediada pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), realizada na sexta-feira, 4, dentro da programação de abertura do “Diálogos Amazônicos”.
A mesa de debate, que envolveu convidados da academia, governo, terceiro setor e comunidades tradicionais, foi organizada pela Iniciativa Amazônia+10, formada por 25 Fundações de Amparo à Pesquisa estaduais, entre elas a Fapespa.
Uma das discussões foi o desafio que as populações amazônidas têm para se inserir nos mercados nacionais e internacionais apenas como fornecedores de matérias-primas. Uma das saídas é gerar produtos de alto valor agregado, com base na combinação
“Tradicionalmente, os alimentos são produzidos de forma artesanal. E hoje, para acessar mercados, são necessárias embalagens, processos e maquinários. Há, também, uma alteração da cultura. É necessário que as populações da Amazônia não fiquem em uma posição de seguir vendendo apenas matérias-primas”, disse Raquel Tupinambá, coordenadora do Conselho Indígena Tupinambá do Baixo Tapajós (Citupi).
Na busca de soluções, a Iniciativa Amazônia+10 propõe a adoção de inovação orientada por missões ou desafios. A ideia é estruturar financiamento em ciência, tecnologia e inovação, assim como apoio técnico para resolver problemas enfrentados pelas populações regionais, por meio do mapeamento desses desafios de forma participativa e da elaboração de soluções conjuntas.
“Há um paradoxo na Amazônia. Há populações que vivem há milhares de anos na região e detêm conhecimentos sobre manejo dos recursos florestais. Mas essas populações, hoje, muitas vezes vivem em situação de pobreza. Para resolver esse paradoxo, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) fez um processo participativo de entender os gargalos e passar a produzir soluções para eles”, informou Judson Ferreira Valentim, pesquisador do Centro de Pesquisa Agroflorestal do Acre, da Embrapa.
Para o diretor-presidente da Fapespa, Marcel Botelho, que mediou os debates, é preciso coordenar esforços multidisciplinares e desenvolver uma ação coordenada de fomento à pesquisa, que busque solucionar problemas e apontar caminhos ao desenvolvimento da Amazônia.
“Hoje foi um dia de muito aprendizado para aqueles que buscam soluções para os desafios da Amazônia. Ângulos e pontos de vistas divergentes, mas focados no mesmo objetivo, nos demonstraram que a complexidade desses desafios irá demandar não só investimento financeiro, mas, principalmente, grande capacidade de mobilização e integração dos diferentes atores. Certamente, o esforço das Fundações de Amparo à Pesquisa com a Iniciativa Amazônia +10 ocorre no momento oportuno para trazer a luz da ciência sobre todos esses desafios”, frisou Marcel Botelho.
Fonte: Agência Pará