O Brasil precisa acelerar ações e regulamentar sua política nacional para o manejo de fogo nas áreas rurais, se quiser conter o que está sendo chamado por especialistas de “tempestade perfeita” para a destruição do bioma, que é a convergência de desmatamento em alta e a ocorrência do fenômeno El Niño.
Segundo especialistas ouvidos pela Folhapress, o fenômeno climático, cujo início foi declarado por cientistas na última sexta-feira, 8. deve acentuar a temporada seca e quente na floresta amazônica, aumentando o risco de degradação por incêndios.
A preocupação é pelos efeitos imediatos dessa convergência, já que agora começa a época da “limpeza” do desmatamento, feita por criminosos, segundo a pesquisadora Erika Berenguer, da Universidade de Oxford.
“Depois de o trator de esteira entrar e derrubar a floresta, você deixa ali a floresta secando por semanas ou meses, até tocar fogo”, explica ela.
O El Niño se caracteriza pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial, Com a modificação do padrão de circulação atmosférica sobre o Pacífico, ele alterar a distribuição de umidade e as temperaturas em várias áreas do planeta. No Brasil, ele ocasiona secas prolongadas nas regiões Norte e Nordeste e chuvas intensas e volumosas no Sul.
“Nossa grande preocupação é o aumento de incêndios florestais em anos de El Niño, porque vemos uma redução significativa de chuva, floresta mais quente e seca. Isso facilita o espalhamento do fogo”, reforça Celso Silva Junior, professor do programa de pós-graduação em biodiversidade e conservação da UFMA (Universidade Federal do Maranhão).
O que diz o MMA
O Ministério do Meio Ambiente e da Mudança Climática (MMA, afirma, em nota à reportagem, afirma que a contratação de mais brigadistas e de duas aeronaves adicionais está em curso.
“A previsão é de um aumento aproximado de 18% de brigadistas em relação a 2022, com atuação de 2.101. Destes, 1.385 atuarão na Amazônia Legal (AM, AP, AC, RR, MT, RO, TO, MA), ou seja, um aumento de 15% do número de brigadistas previstos nos estados em comparação ao ano passado”, detalha a pasta.
Além dessas ações, o MMA diz que “a área de atuação direta do Ibama (competência federal) será ampliada para 50%, atingindo cerca 300 mil km2” e que “serão realizadas práticas de manejo do fogo, como queima prescrita, para minimizar a ocorrência de grandes incêndios”.