Um novo guia chamado Tropical Forest Credit Integrity Guide criado pelo World Resources Institute (WRI) em colaboração com outras organizações ambientais e povos indígenas ajuda as empresas a adquirirem créditos de carbono de florestas tropicais, contribuindo para o clima global, a biodiversidade e as metas de desenvolvimento.
Em 2021, 3,5 milhões de hectares de florestas tropicais primárias foram queimados ou desmatados, de um total de 11,1 milhões de hectares. Essas áreas armazenam grandes quantidades de carbono, que não podem ser recuperadas a tempo de cumprir as metas climáticas globais.
O desafio está no financiamento. Os recursos do setor público não serão suficientes para preencher essa lacuna, mas o setor privado pode desempenhar um papel importante ao incentivar a proteção das florestas tropicais como parte de suas estratégias de redução de emissões.
Existem algumas razões que impedem os mercados de carbono de se tornarem uma fonte de financiamento florestal efetiva. Em relação à demanda, muitas empresas estão preocupadas com a possibilidade de adquirir créditos de carbono e serem acusadas de greenwashing, ou seja, de fazerem alegações enganosas sobre sua sustentabilidade ambiental.
No que diz respeito à oferta, a qualidade dos créditos de carbono florestais tem sido motivo de preocupação. Há um consenso crescente de que os créditos gerados em escala nacional ou por grandes jurisdições são mais confiáveis do que os originados em nível de projeto. No entanto, algumas ofertas recentes de países para vender “créditos soberanos” baseados em reduções de emissões não verificadas causaram ainda mais confusão e preocupações sobre a qualidade deles.
O crescimento do mercado de carbono voluntário dependerá da capacidade dos atores envolvidos chegarem a um acordo sobre normas que garantam a integridade tanto da demanda quanto da oferta, permitindo assim que o financiamento flua de forma adequada.
Segundo o guia, para adquirir créditos de carbono de florestas tropicais de alta qualidade, as empresas podem seguir os seguintes passos:
Passo 1: Construir um portfólio de créditos alinhado às necessidades globais:
- Priorizar créditos de redução de emissões provenientes da desaceleração do desmatamento.
- Aumentar gradualmente a proporção de créditos de remoção de carbono à medida que o desmatamento for suspenso e a restauração florestal for implementada.
- Incluir créditos de áreas com alta cobertura florestal e baixas taxas de desmatamento (áreas HFLD) para incentivar a preservação das florestas intactas e recompensar as comunidades locais e povos indígenas envolvidos na conservação florestal.
Passo 2: Estimular a demanda por créditos em escala jurisdicional:
- Em vez de focar apenas em projetos individuais, apoiar programas e iniciativas de governança florestal em nível jurisdicional.
- Isso significa incentivar ações abrangentes de conservação e redução do desmatamento em uma determinada área geográfica, trabalhando em parceria com governos, comunidades e outros atores relevantes.
Passo 3: Realizar a devida diligência:
- Verificar a qualidade dos créditos de carbono florestais antes de adquiri-los.
- Realizar análises detalhadas sobre os projetos ou programas de onde os créditos são originados, avaliando sua integridade, governança, monitoramento e transparência.
Passo 4: Manter-se atualizado com as mudanças:
- Acompanhar as atualizações e desenvolvimentos no campo dos créditos de carbono de florestas tropicais.
- Estar ciente das melhores práticas, diretrizes e regulamentações em constante evolução para garantir a aquisição de créditos de alta qualidade.