O Brasil vem acompanhando uma explosão da degradação florestal na Amazônia. Somente no mês de setembro, o corte de madeira e as queimadas degradaram mais de 20 mil km² na região. Essa é a maior área atingida em 15 anos de monitoramento feito pelo Imazon. Esse aumento expressivo ocorre em um momento crítico com a região passando pela pior seca da história, o que cria um cenário ainda mais desafiador para as populações, os governos e os cientistas que tentam entender o fenômeno.
Juntos, a degradação ambiental e o desmatamento são os principais vetores de destruição da Amazônia. A diferença é que o desmatamento tem origem unicamente humana, quando ocorre o chamado “corte raso” para retirada de toda a vegetação de um local. Após o desmate, as áreas são geralmente convertidas em plantações de soja ou pastos para a criação de gado, por isso a produção agropecuária de grande porte é cada vez mais cobrada por ter atividades ligadas à devastação da floresta.
Já a degradação pode ter origem tanto em processos naturais, como a queda de um raio em uma área isolada ou condições de clima que favoreçam o surgimento de chamas, quanto ser impulsionada pela ação humana, explica a pesquisadora do Imazon Larissa Amorim. Essa intervenção se dá, por exemplo, com a exploração ilegal de madeira ou com incêndios propositais. Em todos os casos, as áreas degradadas se tornam mais vulneráveis e viram alvos para a eliminação total da vegetação.
“A impressão é que a degradação está sendo uma nova alternativa para a abertura de áreas, já que houve um aumento da fiscalização das áreas desmatadas ilegalmente. Ainda é cedo para afirmar, mas é necessário continuar observando os próximos meses e ver se o aumento dessas queimadas está se tornando um padrão”, comenta a pesquisadora.
A atenção redobrada com os índices de queimadas se justifica pela série de danos que esses eventos causam. Além da perda da cobertura vegetal, a degradação provoca a destruição da biodiversidade e pode facilitar a propagação de vírus e insetos causadores de doenças devido ao desequilíbrio ambiental nas áreas afetadas.
Outro exemplo é que onde há degradação aumenta a emissão de CO2 e outros gases, o que contribui para o aquecimento do planeta e o ciclo das chuvas, por exemplo. Vale ressaltar ainda que a degradação coloca em risco também os animais e as populações do entorno, assim como de outros locais, pois a fumaça das queimadas pode viajar grandes distâncias e chegar até em centros urbanos distantes, como se viu recentemente.
“As principais perdas que ocorrem com as queimadas são o dano aos animais que vivem nessas áreas afetadas, podendo causar até a morte deles. Ocorre ainda o dano à floresta que foi afetada. A fumaça proveniente das queimadas pode atingir uma área grande chegando até em cidades distantes dos locais onde as queimadas aconteceram. Essa fumaça causa problemas à saúde, ocasionando principalmente problemas respiratórios”, explica Larissa Amorim.
A combinação da degradação florestal com o desmatamento criam um ambiente de devastação na Amazônia que precisa ser enfrentado com aumento das ações de fiscalização, avalia a especialista, que também defende a necessidade de criação de estratégias de mitigação para lidar com questões ligadas ao período seco e à queda da umidade do ar nessa época.
“Tanto o desmatamento quanto a degradação são prejudiciais e contribuem negativamente com a questão das mudanças climáticas e ambas devem ser combatidas”, reforça Larissa Amorim.