Entre os nove estados que compõem a Amazônia Legal, os mais críticos em relação ao risco de desmatamento em 2023 são os três maiores: Pará, Amazonas e Mato Grosso. Somados, eles representam 73% da área sob ameaça de derrubada (8.582 km²) neste ano.
O prognóstico não é de nenhum vidente, mas de uma plataforma que usa Inteligência Artificial (IA) para prever as áreas sob maior risco de desmatamento na Amazônia e que registrou uma assertividade de quase 80% na estimativa de destruição florestal em 2022.
Lançada pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a Microsoft e o Fundo Vale, em 2021, a PrevisIA se consolida como uma tecnologia relevante para auxiliar nas ações de proteção à floresta e ajudar a evitar que a previsão de que, em 2023, o Brasil pode perder mais 11.805 km² de mata nativa se concretize.
“Desde o lançamento da PrevisIA, em 2021, nós estamos repetindo que queremos errar a previsão, porque nosso objetivo é que essa tecnologia seja usada para evitar que o risco de derrubada vire realidade. É para isso que trabalhamos a cada ano para aprimorar a ferramenta. Em uma região tão extensa como a Amazônia Legal, poder direcionar as ações de fiscalização para os pontos sob maior risco pode torná-las mais eficazes com menor gasto público”, afirma Carlos Souza Jr., pesquisador do Imazon.
Como a plataforma funciona
A PrevisIA analisa diversas variáveis para indicar as áreas sob maior risco de desmatamento, entre elas estradas legais e ilegais, topografia, cobertura do solo, infraestrutura urbana e dados socioeconômicos. Para realizar essa análise, a ferramenta conta um algoritmo de IA e com um modelo de risco desenvolvidos pelo Imazon e com recursos avançados de nuvem de computadores do Microsoft Azure.
Além do mapa de calor, a plataforma indica a área total e o número de municípios, unidades de conservação, terras indígenas, territórios quilombolas e assentamentos rurais sob risco de desmatamento na Amazônia. A ferramenta também possibilita a análise por estado e fornece rankings de estados e municípios com maior probabilidade de terem áreas de floresta destruídas.
“Quando falamos de uma ferramenta que ajuda na prevenção do desmatamento, quem mais pode agir são os governos. Queremos sensibilizar os governos ao fornecer informações estratégicas para sua tomada de decisão, mas a plataforma também é importante para a sociedade civil, que assim consegue monitorar uma área de seu interesse, pressionar governos e deputados em quem votaram. Traz informação e transparência”, explicou Lucia Rodrigues, líder de Filantropia e Sustentabilidade na Microsoft.
Concentração do desmatamento
Além dos estados, a PrevisIA também aponta os municípios com as áreas de floresta sob maior risco de devastação em 2023. Entre os 10 primeiros, metade está no Pará.
“O nível de detalhamento com que os dados da plataforma são apresentados possibilita criar ações em pontos estratégicos de grandes cidades, como por exemplo Altamira, no Pará. Com isso, em uma futura política de combate ao desmatamento, ao invés de colocar o município todo em alguma lista de embargo, o que prejudicará a economia da cidade, pode-se atuar apenas nas áreas mais ameaçadas”, explica Souza Jr.
Fonte: Imazon