Representações de mais de 190 países se reúnem a partir desta segunda-feira, 21, em Cali, na Colômbia, para a 16ª Conferência das Partes sobre Biodiversidade (COP16). Com o tema “Paz com a natureza”, a pauta principal será a proteção da diversidade biológica do mundo e a expectativa é que os debates apontem caminhos para a implementação do Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal, adotada há dois anos na COP15, no Canadá.
O acordo, também conhecido pela sigla GBF, inclui 23 metas que têm por objetivo salvaguardar e utilizar de forma sustentável a biodiversidade. A expectativa é que a COP16 se dedique à apresentação de estratégias e planos para deter a perda de espécies até 2030, a atualização e revisão de metas para o cumprimento do acordo, a mobilização dos recursos necessários para a proteção da biodiversidade e a criação de um mecanismo multilateral para repartição justa e equitativa de benefícios decorrentes do uso de recursos genéticos.
Em coletiva à imprensa na semana passada, os ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e das Relações Exteriores (MRE) detalharam os pontos centrais que serão defendidos pela delegação brasileira. Um aspecto decisivo será a definição de instrumentos para que o financiamento para a proteção da biodiversidade alcance os US$ 200 bilhões negociados na última COP. Segundo os especialistas, faltam mecanismos transparentes para saber quanto de fato os países desenvolvidos estão repassando aos países em desenvolvimento.
Além disso, o Brasil pretende assumir uma posição de liderança porque está elaborando a Estratégia e Plano de Ação Nacionais para a Biodiversidade (Epanb) em diálogo com o Plano Clima, que deve orientar as medidas para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Dessa forma, o país estaria unindo esforços para evitar o agravamento das crises climática e de perda de biodiversidade que foram aceleradas pela ação humana.
Em artigo publicado na Folha de São Paulo, o pesquisador da Universidade de São Paulo, Ricardo Abramovay avalia que a COP16 será importante para unir as agendas de luta contra a emergência climática e de proteção e regeneração dos biomas. Para ele, o Brasil pode ser referência para um esforço global para que tenha como metas interromper a destruição da natureza e incorporar a diversidade biológica à agricultura, transformando as práticas baseadas no uso de produtos químicos e em “produções monótonas”.
“O Brasil pode ser líder na transformação ecológica do sistema agroalimentar global. A premissa para tanto é fortalecer a biodiversidade da agropecuária, não só para ampliar o leque de produtos que ela oferece, mas, sobretudo, para protegê-la diante do avanço da crise climática. A forte presença do Brasil em Cali será uma contribuição fundamental nesse sentido”, sugere Abramovay.
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