A mineração é uma das principais atividades econômicas do Pará e os recursos extraídos no estado servem de insumo para diferentes indústrias, além de gerar receita com as exportações. Porém, na esteira disso fica o rastro de devastação da floresta que precisa passar por processos de restauração. A boa notícia é que há na região espécies como a Crotalária, que é capaz de recuperar com rapidez as áreas degradadas.
Essa é conclusão de um estudo desenvolvido por pesquisadores do Instituto Tecnológico Vale (ITV) e das universidades Federal Rural da Amazônia (UFRA), do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), do Estado de São Paulo (UNESP) e Estadual do Centro-Oeste (Unicentro). O trabalho comparou o uso da espécie nativa Crotalaria maypurensis nas áreas mineradas em substituição à Crotalaria spectabilis, que é exótica e mais difundida comercialmente.
A investigação ocorreu em Carajás, onde está localizada a maior mina de ferro a céu aberto do mundo. Foram testados diferentes tipos de adubação mineral e orgânica e seus efeitos em aspectos como o crescimento e o metabolismo dos vegetais. Os resultados reforçaram as evidencias que essa planta é adequada para os processos de restauração devido ao seu crescimento rápido e grande capacidade de produção de sementes.
O destaque, no entanto, ficou para a Crotalaria maypurensis, mais conhecida como crotalária-da-canga, que se mostrou melhor adaptada às condições locais. Além disso, o uso da espécie nativa pode contribuir para a geração de renda, beneficiando cooperativas de coletores de sementes.
“As vantagens apresentadas pelas espécies nativas podem estar relacionadas à melhor adaptação às áreas de canga, que são caracterizadas por forte incidência de radiação solar, solos rasos e com alta concentração de metais, além de altas temperaturas e forte sazonalidade hídrica, marcada por secas severas”, afirma um trecho do artigo publicado no Journal of Forest Research.
Para Silvio Junio Ramos, um dos autores do artigo, é preciso ampliar as pesquisas sobre o tema em razão da importância da mineração e seus impactos em Carajás, bem como a complexidade da composição do solo da região.
“Temos que seguir investindo na recuperação das áreas impactadas pela mineração e buscar respostas e alternativas para maior eficiência deste processo nesta região, que tem grande importância industrial e social na Amazônia”, acrescentou Silvio Ramos em entrevista à Agência Bori.