A tentativa de explorar petróleo na Bacia da Foz do Amazonas é antiga, mas tem ganhado força nos últimos meses. Representantes da Petrobras, do Ministério de Minas e Energia, políticos e empresários do setor são os principais interessados no negócio, apesar dos alertas de riscos e impactos negativos para o meio ambiente e para as comunidades tradicionais que habitam a região.
A Foz do Amazonas, localizada no litoral dos estados do Amapá e do Pará, é um santuário da biodiversidade. Isso significa que lá existem espécies de fauna e flora únicos no mundo.
Na Bacia da Foz do Amazonas, por exemplo, está localizado o maior corredor contínuo de manguezais do planeta. Considerados berçários da vida marinha, os manguezais são ambientes delicados e de grande importância para a manutenção da biodiversidade. Isso sem contar que eles têm potencial para gerar ao menos R$ 48,9 bilhões em crédito de carbono. E grande parte dos mangues ainda permanece preservada.
Na região também está o Grande Sistema de Recifes da Amazônia, um extenso complexo de recifes mesofóticos, ecossistemas marinhos únicos e importantes que se desenvolvem em profundidades maiores do que os recifes de coral tradicionais. Eles abrigam uma rica diversidade de vida marinha e desempenham papéis importantes na manutenção da saúde dos oceanos.
Dá pra imaginar a tragédia que seria para esses tesouros naturais se houvesse vazamentos de óleo naquela região?
E mais: o óleo derramado pode se espalhar por vastas áreas, contaminando a água, o solo e a fauna, afetando a vida marinha, as aves, os peixes e impactando diretamente a pesca e outras atividades das comunidades comunidades ribeirinhas e quilombolas, além de povos indígenas.
Estudo já revelam que em caso de acidente de vazamento de petróleo no local, o óleo poderia atingir, em pouco tempo, a Área de Proteção Ambiental (APA) do Arquipélago do Marajó, no Pará, e a Reserva Ecológica do Lago Piratuba, no Amapá. E há risco de se espalhar até a Guiana Francesa, o Suriname e a Guiana.