Cientistas reunidos em Belém na 76ª reunião anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), que acontece até sábado, 13. no campus da UFPA (Universidade Federal do Pará), alertam para um panorama que já faz parte da realidade: a Amazônia se transforma em ritmo acelerado, marcada por eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes e intensos. Um exemplo foi a seca histórica de 2023, que causou a maior queda nos níveis dos rios já registrada na região. As informações são da Agência Brasil.
O desmatamento, as queimadas, aliados às mudanças climáticas, afirmam os especialistas, são as principais causas da alteração do regime hidrológico dos rios da Amazônia. O resultado é um cenário de contrasta: mais chuvas ocorrendo na região norte da Amazônia e menos chuvas na região sul.
Em parte essa diferença no ritmo de chuvas pode ser explicada, segundo o pesquisador do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá Ayan Fleischmann, pelo maior desmatamento, queimadas e implantação de grandes projetos, como hidrelétricas, na parte sul da Amazônia. Enquanto na parte norte estão as áreas mais conservadas.
Quanto menor a quantidade de árvores para fazer o processo de evapotranspiração, a geração de vapor de água para a atmosfera, diminui o percentual de chuvas, com consequente aumento na temperatura na região.
Além disso, os lagos amazônicos estão mais quentes, a floresta, mais inflamável, e a floresta está perdendo sua capacidade de agir como um sumidouro de gás carbônico, que aquece a atmosfera da Terra.
Para além de investimentos em infraestrutura básica de água potável e tratamento de resíduos orgânicos, os pesquisadores defendem um conjunto de ações emergenciais para garantir o acesso à água e a saúde das populações amazônicas em tempos de seca: cisternas para captar a água da chuva; poços artesianos mais profundos e kits de tratamento de água.
O problema é a complexidade do sistema do Aquífero Amazônia, composto por camadas de diferentes profundidades, que podem variar de 20m a mais de 250m.
“Esse é o paradoxo da Amazônia, tem muita água e muita gente passando sede”, resumiu Fleischmann. “A gente precisa urgentemente criar programas de acesso à água na Amazônia. Não é por que estamos na maior bacia hidrográfica do mundo que essa água é acessível para consumo humano”, alertou.]
Enquanto isso, o fantasma de uma nova seca, talvez mais severa do que a de 2023, ronda a Amazônia.