Como você leu aqui neste espaço, a chamada regeneração natural assistida (RNA) é uma técnica de recuperação florestal que tem atraído muito produtor rural em nosso Estado pelo baixo custo de implementação para alcançar resultados positivos.
Ela tem como base a recuperação espontânea das espécies nativas — o que a difere de um modelo de regeneração natural comum são as pequenas interferências que o produtor precisa realizar para garantir o bom desenvolvimento. Nessa abordagem, as pessoas intervêm para ajudar as árvores e a vegetação nativa a se recuperarem de forma natural, eliminando barreiras e ameaças a seu crescimento, utilizando seu conhecimento da terra e tradições ancestrais.
Esse manejo florestal tem dado tão certo que o Pará fez parte de um estudo apresentado nesta terça-feira, 29/03, pela WRI Brasil, em parceria com ICV, Imazon e a empresa Suzano. A pesquisa “O papel da regeneração natural assistida para acelerar a restauração de florestas e paisagens” levantou 24 experiências práticas de projetos, organizações e empresas que adotaram a regeneração natural assistida como parte da sua abordagem, sendo 15 no Brasil, distribuídas em oito Estados (BA, ES, MT, PB, PA, PR, SC e SP).
Aqui no Pará o Imazon trabalhou com as fazendas Rio Preto e Açucena, em Paragominas, para a recuperação de 1.685 hectares para a adequação ao Código Florestal.
Ambas são imóveis de grande porte, com histórico de ocupação, de uso do solo e, na última década, de avanços ambientais bem ilustrativos da trajetória do município, acompanhando a diversificação da produção rural e/ou a adoção de boas práticas agropecuárias difundidas no município. Atualmente, a Fazenda Açucena abriga as seguintes atividades econômicas: pecuária bovina de corte, agricultura anual de grãos, silvicultura e psicultura. Enquanto a Fazenda Rio Preto mantém apenas a pecuária de corte, porém também limitando o acesso do gado às áreas de uso alternativo do solo.
As duas fazendas apresentavam déficits de Reserva Legal (RL) e de Áreas de Proteção Permanente (APP) e seus detentores optaram por quitar esse passivo por meio da regeneração natural.
Para isso, apenas impediram o acesso do gado às áreas a serem recuperadas, ou seja, retiraram o fator de degradação.
De 2008 a 2020, a fazenda Açucena aumentou em mais de 11 vezes sua área em regeneração natural (de 66 para 757 hectares). Essa vegetação secundária, somada à área de floresta remanescente, cobria 55% do imóvel em 2020, sendo suficiente para regularizar o imóvel, desde que a regeneração natural continue sendo assistida. Já a fazenda Rio Preto aumentou em 60% sua área em regeneração natural (de 577 para 928 hectares). De forma semelhante ao caso anterior, essa vegetação secundária, somada à área de floresta remanescente, cobria 55% do imóvel em 2020, ultrapassando o percentual necessário para regularizar a RL, se essa regeneração natural detectada for mantida.
Como fazer a RNA?
O agricultor, para prevenir incêndios florestais, pode garantir a limpeza do solo, removendo capim e detritos secos. Para impedir que alguns insetos atrapalhem o crescimento das plantas mais jovens, ele pode aplicar ações pontuais de controle de praga, além de remover arbustos e demais ervas que dificultem o desenvolvimento da vegetação nativa. É possível também cercar a área para barrar a entrada de animais que possam mastigar ou pisotear as mudas.
Caso a área de regeneração pareça escassa, passados os primeiros anos, o produtor pode ainda plantar algumas mudas seletas para acompanhar o desenvolvimento daquelas que nasceram naturalmente, de acordo com o que for orientado pelos especialistas técnicos.
Para dar às árvores nativas espaço suficiente para crescer, pode-se remover gramíneas e arbustos invasores.
Sobre o WRI
O WRI Brasil é um instituto de pesquisa que transforma grandes ideias em ações para promover a proteção do meio ambiente, oportunidades econômicas e bem-estar humano. Atua no desenvolvimento de estudos e implementação de soluções sustentáveis em clima, florestas e cidades. Alia excelência técnica à articulação política e trabalha em parceria com governos, empresas, academia e sociedade civil. O WRI Brasil faz parte do World Resources Institute (WRI), instituição global de pesquisa com atuação em mais de 60 países. O WRI conta com o conhecimento de aproximadamente 1000 profissionais em escritórios no Brasil, China, Estados Unidos, Europa, México, Índia, Indonésia e África.
Fonte: WRI
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