Florestas desmatadas que estão em processo de regeneração sofrem um grande impacto negativo quando atingidas por incêndios. De acordo com um estudo recente, o fogo compromete a recuperação dessas áreas, chamadas de florestas secundárias, e prejudica os serviços ambientais que elas oferecem.
Diferente das florestas primárias, as florestas secundárias são aquelas em recuperação depois de um fator externo como fogo ou desmate. Um dos primeiros a investigar o impacto do fogo na copa dessas florestas em regeneração, o estudo realizado porr pesquisadores do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), afirma que esse tipo de floresta retira da atmosfera até 1,6 bilhões de toneladas de carbono ao ano.
“As florestas secundárias exercem importantes serviços ambientais que devem ser conservados, como a captura de carbono da atmosfera. Para cumprir as novas metas de redução de emissões brasileiras e o PLANAVEG [Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa] é preciso proteger as florestas que estão se recuperando do fogo, fator ao qual elas são mais vulneráveis”, aponta Celso H. L. Silva Junior, pesquisador do IPAM e um dos autores do estudo.
Segundo a publicação, as florestas secundárias em estágio tardio – isto é, as que foram desmatadas e já têm grau de regeneração – levam de 19 a 29 anos para se regenerarem depois de um desmatamento seguido de fogo. Já as florestas secundárias em estágios iniciais – as que estão começando a se regenerar – levam de 12 a 14 anos para recuperar a vegetação presente antes dos incêndios.
A pesquisa foi feita em um período de dois anos (entre 2016 e 2018) e analisou uma área de florestas presentes na região do Arco do Desmatamento na Amazônia. O estudo integra um projeto que investiga a resiliência de florestas secundárias às mudanças climáticas.
Queimadas x solo
No início de março, um estudo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), investigou a relação entre queimadas e o solo no bioma. A conclusão foi que incêndios e secas frequentes estão acabando com a capacidade da Amazônia de retirar carbono da atmosfera e armazená-lo no solo: em áreas atingidas, esta troca já é 18,7% menor.
Em outras palavras: fogo aumentou a mortalidade das árvores e raízes que, em conjunto com o estresse causado pela seca, reduziu o processo de fotossíntese. Esse processo obriga a floresta a usar reservas de energia antigas, tornando-a mais vulnerável a eventos extremos futuros, que devem se tornar mais frequentes com as altas temperaturas.