Moradores de três aldeias da Terra Indígena Alto Rio Guamá, em Santa Luzia do Pará, município do nordeste paraenses, estão sendo apresentados ao sistema agroflorestal, que reúne as culturas de importância agronômica em consórcio com a plantas que integram a floresta. A iniciativa visa a formação de agentes agroflorestais entre os indígenas.
O módulo abordou a Agroecologia em Agricultura Sintrópica, com ênfase no preparo da área de cultivo, inovação que alia restauração florestal à autonomia alimentar das comunidades indígenas envolvidas. A agricultura sintrópica se destaca pela integração harmoniosa entre diferentes espécies de plantas, e pela recuperação eficiente do solo, demonstrando ser uma ferramenta eficaz para a restauração ecológica e segurança alimentar.
A formação integra o Projeto Apoio à Gestão e Restauração Florestal da Terra Indígena Alto Rio Guamá, conduzido pelo Ideflor-Bio, em parceria com o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), do Governo Francês, e a Universidade do Estado do Pará (Uepa).
Ao capacitar os indígenas em técnicas de agricultura sintrópica, a ação busca não apenas restaurar áreas degradadas, mas também garantir a autonomia alimentar das comunidades, fortalecendo sua capacidade de autossustentação.
“Estamos muito gratos a todas as organizações que contribuíram com o cumprimento da atividade nas aldeias indígenas. Este trabalho conjunto é essencial para o sucesso do projeto e o fortalecimento das associações indígenas”, afirmou A coordenadora da ação pelo Ideflor-Bio, Claudia Kahwage
Conhecimento
Durante o módulo, os participantes tiveram a oportunidade de aprender e praticar técnicas de plantio e manejo de sistemas agroflorestais, além de discutir a situação da segurança alimentar nas aldeias, o consumo de alimentos saudáveis e a diversificação dos cultivos alimentares. Houve atividades práticas no campo, nas quais os conhecimentos teóricos sobre preparo de área de cultivo foram aplicados diretamente, permitindo uma compreensão mais eficaz das práticas agroecológicas.
Os participantes foram motivados ainda ao plantio de espécies florestais que são alimentos para macacos criticamente ameaçados de extinção – cuxiú-preto (Chiropode satanas) e cairara (Cebus kaapori) –, viabilizando a educação ambiental para conservação destas espécies.
Há poucos dias, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, autorizou o uso da Força Nacional para apoiar ações da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) contra invasores na TI Alto Rio Guamá.