Belém é a capital da bioeconomia no mundo até esta quarta-feira, 20/10, por sediar o Fórum Mundial de Bioeconomia. Nesta segunda, 18, a abertura do encontro recebeu dezenas de especialistas no assunto, nacionais e internacionais, com um consenso já estabelecido: o uso de recursos naturais para o desenvolvimento econômico deve contar obrigatoriamente com os saberes das comunidades tradicionais.
“É fato que só existe razão para discutir esse novo modelo (de desenvolvimento) se houver envolvimento dos povos locais”, disse o governador Helder Barbalho, para ressaltar que a bioeconomia e floresta em pé são os caminhos para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
A agenda contou ainda com a presença dos governadores e representantes dos Estados que compõem a Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins).
Outro entendimento comum dos participantes é o de que o Brasil entra numa nova fase de elaboração de uma política de desenvolvimento para a Amazônia, a partir da realização do Fórum em nosso Estado.
“Não temos um plano B para um planeta respirável. Com o Fórum, se inicia hoje uma fase nova de debate para o Brasil, e mostra que é possível compatibilizar desenvolvimento com preservação. Esse que é o grande desafio”, disse José Carlos Fonseca, diretor executivo do Indústria Brasileira de Árvores (Ibá).
Christian Patermann, conhecido como o “pai” da bioeconomia europeia, ex-diretor da Comissão da União Europeia e conselheiro do governo alemão em questões de bioeconomia, também foi taxativo quanto ao valor dos saberes tradicionais típicos da nossa região para o desenvolvimento da região, elemento que só nosso bioma pode oferecer.
“Belém irá abrir as portas para a introdução de um conhecimento tradicional a ser agregado ao conhecimento cientifico e tecnológico”, avaliou.
Sua expectativa é de que o Fórum possa criar uma política estratégica nacional que promova a melhoria de vida dos amazônidas conciliada com a necessidade urgente de manter a floresta em pé.
Claro que, como pontuou o governador paraense, vários outros fatores precisam ser considerados, além da ancestralidade da população da Amazônia: conhecimento cientifico, dificuldades logísticas e “marcos regulatórios” a fim de ter segurança jurídica.
Além disso, há o fator das mudanças climáticas, que ameaçam nosso ecossistema e a saúde da população, como destacou a ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira.
Segundo ela, é preciso combinar a “era da inovação, a era climática com uma nova relação do homem com a natureza, que são os pilares dessa discussão no mundo”.
“A destruição da natureza não pode ocupar o nosso futuro”, alertou Izabella.
Presente no primeiro grande evento de meio ambiente já realizado no Brasil, a ECO-92, a ex-ministra lembrou que quase 30 anos se passaram e que, agora, “a ciência mostra que não há mais espaço para discussões. Temos que caminhar pelo fim do desmatamento já”.
Izabella reforçou que a floresta em pé representa segurança climática do planeta, mas sem um mundo solidário não tem como proteger a Amazônia.
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