A atuação da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, em Davos, parece já render frutos. Em coletiva à imprensa, Marina afirmou que a fundação do ator de Hollywood Leonardo DiCaprio empenhou-se em arrecadar US$ 100 milhões (R$ 512 milhões) para o Fundo Amazônia, voltado ao financiamento de ações para preservação da floresta.
Ela se reuniu com o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o brasileiro Ilan Goldfajn, com o filho do bilionário e filantropo húngaro-americano George Soros, Alexander Soros, e com o presidente da Open Society Foundations, Mark Malloch-Brown. Todos se mostraram dispostos a contribuir com o fundo.
“Apoiar o desenvolvimento das áreas de floresta na Amazônia beneficiará aqueles que vivem lá e é crucial para o futuro do nosso planeta”, disse Soros, em uma rede social.
Por essa e outras, Marina tem se mostrado otimista com as possibilidades de captação para ampliar para além de dez vezes os recursos do Fundo Amazônia, criado e 2008 , com US$ 1,2 bilhão doados pela Noruega e Alemanha.
“Não gosto de colocar um número. Queremos ampliar o fundo e vamos nos esforçar para captar mais. Por que vou limitar a US$ 10 bi? Quem sabe podemos ultrapassar”, disse ela, em entrevista à Folha, no Fórum Econômico Mundial, em Davos.
O fundo foi paralisado em junho de 2019 pelo governo Bolsonaro, depois que o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, extinguiu o Comitê Orientador do Fundo Amazônia (Cofa), sem usar doações que somam R$ 3,4 bilhões, feitas pelos governos da Noruega e Alemanha. E foi reativado como uma das primeiras ações do novo governo.
De acordo com reportagem da Folha, é do cientista Carlos Nobre a estimativa de decuplicar a verba do fundo. Ele defende que o dinheiro arrecado seja usado para atividades operacionais como a fiscalização e o fortalecendo da atuação do Ibama e da Polícia Federal e, só depois de controlar o desmatamento, deve se investir em grandes projetos de restauração na Amazônia, tanto de reflorestamento como de regeneração natural.
“Em 2023, é preciso primeiro atacar o que está acontecendo na Amazônia, combater toda a ilegalidade. Isso é algo inicial, que tem de acontecer neste ano, de uma forma muito eficaz. É preciso muito investimento e a total presença de Estado, o que tem um custo elevado. Logicamente, depois, o desmatamento vai reduzir, disse o cientista à Folha.
O cálculo inicial é de que seriam necessários cerca de US$ 20 bilhões para restaurar mais de 50 milhões de hectares de floresta.