Um estudo do Greenpeace Brasil mostra que o garimpo devastou uma área de 1.409,3 hectares em 2023 nas terras indígenas (TIs) Yanomami, Kayapó e Munduruku, o equivalente à abertura de quatro campos de futebol por dia. Juntos, os três territórios concentram mais de 26,4 mil hectares da atividade ilegal, segundo os dados.
Das três, a situação mais alarmante é a Terra Indígena Kayapó, no Pará, que perdeu 1.019 hectares por causa da atividade exploratória. No acumulado até dezembro de 2023, o território tem mais de 15,4 mil hectares de garimpo. Nas imagens de satélite, é possível ver que a concetação de destruição se encontra nas faixas leste e nordeste do território, sendo que quatro aldeias já estariam sendo diretamente afetadas.
“Temos lido e ouvido bastante sobre os esforços do governo para combater o garimpo ilegal na TI Yanomami. Porém, precisamos lembrar que os territórios dos povos Kayapó e Munduruku, no Pará, têm sido muito prejudicados e é preciso reforçar as operações e trabalhos de fiscalização por ali também. Não basta só a vontade política”, afirma Dantas.
Também no Pará, fica o segundo territporio mais afetado: a Terra Indígena Munduruku. com 15 aldeias sitiadas pelo garimpo ilegal. Embora tenha sido registrado uma queda de 430 hectares devastados na região, em 2022, para 152, no ano passado, os números anteriores são alarmantes.
Até dezembro de 2023, a TI somava uma área de 7 mil hectares, sendo que 5,6 mil hectares foram destruídos nos últimos cinco anos (entre 2019 e 2023). De acordo com o estudo, o Rio Cabitutu é o mais afetado pela prática.
Na semana passada, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, homologou novos planos de desintrusão que visam a retirada de invasores de terras indígenas do Pará.
Já a TI Yanomami, que tem um total de área de garimpo acumulada até dezembro de 2023 de 3.892 ha, sendo que uma nova área de 238,9 hectares foi aberta em 2023. Os dados mostram que a abertura de novas áreas de garimpo na TI Yanomami no ano passado teve um pico em janeiro, seguida por uma queda drástica em fevereiro, logo após o governo federal decretar situação de emergência nacional no território (em 20 de janeiro de 2023). Em março, houve outro pico de novas áreas de garimpo, seguido por outubro.
“Cada hora que passa com os garimpeiros dentro dos territórios indígenas significa mais pessoas ameaçadas, uma porção de rio destruído e mais biodiversidade perdida. Precisamos, para já, de uma Amazônia livre de garimpo”, alerta porta-voz do Greenpeace Brasil, Jorge Eduardo Dantas.