Por Fabrício Queiroz
Na clássica canção “Esse rio é minha rua”, Paulo André e Ruy Barata deram uma síntese poderosa para a importância das águas para vida, a cultura e o imaginário das populações amazônidas. E é sobre as águas que novos caminhos são desbravados e paisagens são descobertas por praticantes de canoagem como forma de explorar a natureza e promover o potencial do turismo sustentável aqui no Pará.
Esse é o propósito do Marenteza Canoagem, que alia o lazer e a recreação com o turismo em diversos rios paraenses. O projeto começou em 2008 unindo a paixão de dois amigos – Thiago Santos e Igor Vianna – pela prática das remadas. Com o tempo, a atividade foi chamando a atenção nas redes sociais e agregando novos interessados na prática, fazendo crescer a abrangência do projeto, que hoje funciona como uma escola de canoagem em caiaques oceânicos.
“Muita gente acha que não tem muita coisa para fazer aqui, mas, na verdade, a gente tem um potencial muito grande de rios e igarapés. Tem muitos restaurantes, por exemplo, nos igarapés. Tem quem vai de barco ou rabeta, mas tem gente que vai remando”, diz o professor de educação física e instrutor do projeto, Thiago Santos.
E é remando que os participantes do Marenteza chegam atualmente a rios das diferentes regiões do estado, desde Belém e Ananindeua até municípios como São João de Pirabas ou Santarém, de onde partiu uma expedição de 12 dias que percorreu o rio Amazonas até a capital no ano passado.
“Eu gosto do passeio do rio Caraparu, em Santa Izabel, porque é um rio mais estreito, com água escura, bem gelada e é um trecho que vai na sombra. A mata cobre o rio em boa parte da remada, então fica muito bonito, agradável e gostoso de remar”, pontua o professor.
Para Thiago, um dos grandes resultados é que a experiencia das visitas e expedições serve para incentivar a descoberta desses lugares pelo público que é em grande parte da Região Metropolitana de Belém e acaba atraindo novos participantes por meio do velho “boca-a-boca”.
“Quando você vai pra água, você tem que relaxar. É muito bom poder ver e ouvir os animais, ouvir os pássaros cantando, ter contato com as árvores, com o meio ambiente. A canoagem permite explorar isso de uma forma mais sustentável. Ao invés de ir pra água de jet ski ou de lancha, que acabam queimando combustíveis fosseis e poluindo. A gente consegue aproveitar a natureza sem agredir”, acrescenta.
Fomento da economia local
Além disso, Thiago Santos frisa que as experiências servem também para fomentar a economia dessas localidades e das populações tradicionais, o que contribui para o desenvolvimento de alternativas aliadas da cultura e da conservação do meio ambiente.
“Quando a gente vai em São João de Pirabas, por exemplo, fechamos com um restaurante local, contratamos um pescador que faz a pesca e prepara o ‘avoado’; que é um peixe assado na hora com açaí muito mais delicioso. Em alguns casos, como em Mosqueiro, é preciso passar a noite, então tem hospedagem e outras demandas que a gente busca o atendimento dessa população local que fica mais qualificada também para atender esse público visitante”, comenta o instrutor.
As ações do Marenteza ocorrem regularmente no Complexo do Ver-o-Rio e a agenda de expedições pode ser acompanhada pelo perfil do projeto. Para mais informações, clique aqui.