Líderes indígenas da Amazônia estão solicitando ao governo brasileiro que declare estado de emergência climática. Eles apontam que suas aldeias estão enfrentando uma séria escassez de água potável, alimentos e remédios devido a uma grave seca que afetou rios essenciais para o transporte na floresta. As informações são da Reuters, divulgadas pela Folha.
A seca e a onda de calor resultaram na morte de uma grande quantidade de peixes nos rios habitados pelas comunidades indígenas. Além disso, a água em córregos e afluentes do rio Amazonas tornou-se imprópria para consumo, de acordo com a Apiam (Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas), que representa 63 grupos indígenas da Amazônia.
Os rios Rio Negro, Solimões, Madeira, Juruá e Purus estão secando a um ritmo recorde, e incêndios florestais estão se alastrando pela floresta tropical em novas áreas na região do baixo Amazonas, de acordo com a Apiam.
A região está sob a influência do fenômeno climático El Niño, resultando em chuvas abaixo da média histórica no norte da Amazônia.
Um dos maiores desafios enfrentados pelas comunidades indígenas sem acesso à água encanada é o saneamento, especialmente agora que a água do rio não pode ser consumida, disse Mariazinha Baré, coordenadora da Apiam.
“Os córregos e rios menores secaram. O que resta é lama”, explicou Baré em uma entrevista. “O povo está tendo que fazer longas caminhadas para encontrar água. Com a qualidade ruim da água, as pessoas estão adoecendo.”
A seca também tornou os rios intransitáveis, dificultando o acesso de assistência médica às aldeias amazônicas. A próxima chuva é esperada somente no final de novembro ou início de dezembro, quando os rios normalmente se renovam, trazendo consigo uma nova população de peixes, acrescentou Baré.