O fenômeno El Niño teve um efeito devastador sobre a Amazônia em 2023. Temperaturas recordes foram registradas nos diversos estados da região, rios importantes como o Amazonas, o Madeira e o Tapajós alcançaram níveis baixos que prejudicaram a navegação e deixaram comunidades isoladas, além de que a estação seca se prolongou para além do normal, contribuindo inclusive para a propagação de queimadas.
A partir de dezembro, no entanto, a situação começou a mudar com as primeiras chuvas fortes anunciando a chegada do inverno amazônico. Essas chuvas ajudaram os rios a recuperar seu nível de normalidade, como foi notado nos pontos de monitoramento do Serviço Geológico do Brasil (SGB) nos municipios de Santarém, Óbidos, Almeirim e Porto de Moz, na bacia hidrográfica do Amazonas.
Já de acordo com o painel El Niño 2023-2024, no último mês do ano passado partes dos estados do Pará, Acre, e Amazonas já tiveram anomalias de chuva, isto é, precipitações maiores do que as esperadas para o período, chegando a cerca de 100mm.
O documento, produzido pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD), reúne informações sobre monitoramento gestão de riscos, previsão de clima e tempo, que auxiliam na elaboração de medidas relacionadas ao fenômeno e ajudam a prever o cenário para os próximos meses.
Um dado que merece atenção é que, segundo o estudo, a continuidade do El Niño, principalmente na região do Pacífico equatorial, deve continuar influenciando as condições climáticas no País, com pico de intensidade ainda durante o mês de janeiro.
“A maioria das previsões indicam a continuidade do fenômeno, com intensidade forte nos próximos 3 meses e permanência de El Niño durante até pelo menos maio de 2024. Assim, durante o próximo trimestre as condições climáticas e meteorológicas no país serão influenciadas por esse fenômeno”, explica um trecho do relatório.
Esse cenário deve contribuir, por exemplo, para o déficit de chuvas na região leste da Amazônia, que abrange o estado do Pará. Por outro lado, o Painel El Niño apresenta um cenário favorável para a maior parte do país.
“Há indicação de condições mais úmidas do que o normal em grande parte das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e parte da região sudeste (MG, RJ e ES)”, diz o documento.