A ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou os Emirados Árabes, o Azerbaijão e o Brasil, sedes das COP 28, COP29 e COP30, respectivamente, formaram um grupo chamado de “troika” para monitorar o cumprimento do que foi acordado e estabelecer uma dinâmica entre as conferências.
“Terminava a COP da Espanha, todo mundo ia embora. O mesmo depois do Egito. Agora, como o desafio é enorme, vamos trabalhar juntos para criar sinergia entre a experiência observada agora nos Emirados Árabes Unidos e as experiências que acontecerão no Azerbaijão e no Brasil. Cada país está pensando como vai funcionar essa troika. Teremos uma primeira reunião de trabalho e vamos compartilhar””, disse Marina, durante o evento “Brasil Rumo à COP30”, realizado pela Editora Globo em parceria com a CCR.
Ela destacou a importância de o mundo aumentar seus compromissos em manter 1,5 graus de aumento da temperatura média da Terra e forçar os países a buscarem concretamente os pontos estabelecidos na última conferência, A expectativa é que a Conferência do Clima de 2024 avance no tratanento do financiamento climático, enquanto espera-se que em Belém sejam definidas novas NDCs (Contribuição Nacionalmente Determinada, na sigla em inglês), tendo como referência o balanço das metas assumidas no Acordo de Paris.
“Queremos fazer com que as decisões tomadas [na COP28] tenham o rebatimento necessário e à altura. Não podemos pular a COP 29. O peso será distribuído igualmente entre essas conferências. Sem os meios de implementação, sem os recursos, as coisas não vão andar”, alertou.
Sobre os resultado da COP28, ela afirmou que ainda são insuficientes, mas celebrou fato de terem incluído no texto final da conferência a transição para o fim dos combustíveis fósseis.
“Mas, depois de 31 anos da Rio92, a conferência colocou um problema [em primeiro plano] que é a transição dos combustíveis fósseis e como essa transição vai ser feita. Dependerá da distribuição desse peso, da responsabilidade, nas três COPs [28, 29 e 30]”.
Princípios da COP30 em Belém
Com Belém confirmada como sede da Conferência do Clima de 2025, o governo brasileiro deve reforçar uma perspectiva de ação integrada e multisetorial para a organização do evento. Alguns detalhes sobre o planejamento da COP30 foram adiantados por Gabriel Lui, secretário adjunto de da secretaria de articulação e monitoramento da Casa Civil também durante o evento da Editora Globo.
Segundo ele, o comitê de governança instituído para pensar a Conferência ainda está com os trabalhos em estágio inicial, porém já há um direcionamento dos princípios norteadores.
“O primeiro deles é o compromisso com o processo negocial. O Brasil foi onde a Convenção de Clima nasceu, então a gente não pode perder a nossa referência, a nossa origem com relação ao compromisso com o sistema multilateral e com o processo negocial”, defendeu o secretário.
O segundo princípio envolve a sustentabilidade sob os prismas econômico, ambiental e de resultados. Já o terceiro princípio abrange a questão da inclusão no sentido de que o evento possa promover a participação de diferentes segmentos sociais e, assim, engajar a sociedade global em novos compromissos para o combate às mudanças climáticas.
“De partida, a gente trabalha com esses três princípios e é em torno disso que a gente vai delimitar e trabalhar com os diferentes elementos para organização do evento”, reforçou Gabriel Lui
Ele ressaltou ainda que esta perspectiva está alinhada com as políticas nacionais para a área que incluem esforços para redução do desmatamento, o Plano de Transição Ecológica, o plano para recuperação de áreas degradadas, plano de agricultura de baixo carbono, entre outras.
“A COP30 faz parte de um projeto, de uma visão do governo federal em relação ao reposicionamento do Brasil em uma esfera de liderança geopolítica internacional que valoriza os nossos próprios instrumentos, nossa capacidade de entrega do que a gente acredita que deve ser um mundo multilateral fortalecido”, frisou.