As alterações provocadas pelo homem na Amazônia avançam milhares de vezes mais rapidamente do
que as causadas por processos naturais, sejam eles geológicos ou climáticos, segundo estudo recente.
Isso porque mudanças causadas pelo homem (como desmatamento, queimadas, erosão do solo, barragem de rios e desertificação provocada por mudanças climáticas) afetam a América do Sul em séculos ou décadas, enquanto os processos naturais levam milhões de anos para provocar algum impacto como um todo no continente. As informações são do Estadão.
“Para que possamos criar medidas de conservação, não podemos velejar às cegas. É preciso entender a velocidade da degradação do ambiente. Para isso, precisamos saber qual é a velocidade em que os diferentes sistemas naturais operam”, explica o brasileiro Pedro Val, especialista no passado geológico da Amazônia e professor Queens College, em Nova York (EUA).
Val foi quem sugeriu a comparação entre a escala de tempo geológica e a das atividades
antrópicas e também quem quantificou a diferença na velocidade de avanço das diferentes ações.
“A revisão que publicamos dá o primeiro passo nessa comparação na
Amazônia e soa um alarme de que precisamos, imediatamente, interromper o desmatamento e mergulhar fundo na quantificação dos diferentes processos naturais em todas as esferas”, afirma.
De acordo com o pesquisador, que nasceu em Manaus e se formou em Geologia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), é urgente que iniciativas e investimentos para combater a degradação florestal, já que “a Amazônia está cada vez mais próxima de um ponto irreversível, em que não terá mais capacidade de recuperar a área perdida, e entrará em processo de savanização”.
“No que diz respeito ao futuro, precisamos de políticas que incentivem a
bioeconomia sustentável, que valorizem a biodiversidade e o conhecimento dos povos indígenas, além de não encorajar políticas que causam o desmatamento”, diz Val.