Por Fabrício Queiroz
A estação seca na Amazônia chega com um alerta para os municípios das regiões oeste e sudeste do Pará. De acordo com o monitoramento do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), as comunidades que vivem no entorno das bacias hidrográficas do Amazonas, Tapajós e Araguaia / Tocantins devem ser afetadas po estiagens tão intensas quanto às de 2023.
Segundo os dados coletados e divulgados durante o seminário Pré-Seca, nos meses de setembro a novembro, os níveis dos rios nas estações de Jacareacanga, Conceição do Araguaia, Marabá, Itaituba, Óbidos e Santarém podem chegar próximo da mínima histórica ou mesmo ultrapassá-la.
“Muito provavelmente, vamos ter um período de seca bastante significativo, próximo do que aconteceu em 2023, quando ocorreu a maior estiagem da história da região, considerando que os valores das cotas, neste momento, estão mais baixos do que os níveis registrados no ano passado”, disse Flavio Altieri, analista do Censipam.
As previsões indicam que os períodos críticos serão diferentes em cada localidade. Em setembro, os maiores riscos são para a comunidade Barra de São Manoel, em Jacareacanga, no rio Tapajós; em nos municípios de Conceição do Araguaia e Marabá, da bacia do Araguaia / Tocantins, onde são esperadas ecas de nível moderado a severo.
Já em outubro, a área mais afetada será Itaituba, na bacia do rio Tapajós; enquanto que em novembro, a previsão é que o rio Amazonas, nas proximidades do município de Óbidos, atinja níveis tão baixos quanto no ano passado. No mesmo mês, é esperado também o recuo do nível do rio Tapajós, em Santarém.
Flávio Altieri analisa que esse fenômeno é decorrente das condições climáticas, que ainda estão sob influência do El Niiño e do aquecimento das águas do oceano Atlântico que interferem na formação de chuvas na região.
Já o superintendente de Operações de Eventos Críticos, Alan Vaz Lopes, complementa que esses eventos têm um grande impacto sobre o nível de água e a vazão dos rios devido à sensibilidade dos rios amazônicos à falta de chuvas.
“Um pequeno déficit de chuva em determinado momento provoca uma grande redução de níveis de água e de escoamento dos rios. É por isso que a gente vê rios enormes tendo uma redução muito rápida nos níveis de água”, explica o superintendente.
As informações divulgadas pelo Censipam devem contribuir para que órgãos governamentais e não governamentais que atuam na Amazônia elaborem estratégias para o enfrentamento da seca, que traz impactos significativos em áreas como a economia, o meio ambiente, a navegação, o abastecimento e as condições de moradia.