A temperatura no lado leste da Amazônia, que abrange a parte do sul e sudeste do Pará, está 3,1º mais quente do que era há 40 anos, por causa do desmatamento.
“Estou falando da temperatura média entre todas as horas do dia. Imaginem o quanto ela cresceu no meio do dia”, diz a pesquisadora Luciana Gatti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Gatti é a principal autora do artigo, recém-publicado, que revela que a média das emissões de gás carbônico (CO²) pela Amazônia aumentou 122% em 2019 e 2020, em comparação com a média de 2010 a 2018.
Isso significa que, nos anos 2019 e 2020, a capacidade da floresta amazônica de absorver todo o carbono lançado na atmosfera da região estava enfraquecendo. E a causa disso é a chamada ação do homem, que destrói a vegetação ou com incêndios e queimadas, ou cortando árvores para vender a madeira.
No entorno de Santarém, no Pará, e de Alta Floresta, em Mato Grosso, onde os números de desmate são sempre altíssimos, já, em 2019, havia mais emissão do que absorção de carbono, diz o estudo. No ano seguinte, o fenômeno já atingia a região de Tefé, no Amazonas, e Rio Branco, no Acre, ambas no oeste amazônico.
Foi na região paraense que a Polícia Federal prendeu recentemente o empresário Bruno Heller, apontado pelos investigadores como o ‘maior devastador’ da Amazônia já identificado, que destruiu2.710 hectares de floresta.
“A floresta não está compensando o estrago humano”, afirma a cientista à Sumaúma.
Isso porque as plantas da floresta estocam carbono na fotossíntese, processo pelo qual se alimentam. Elas absorvem o gás carbônico e o armazenam em suas folhas, troncos e raízes. Quando elas são arrancadas, queimadas ou morrem, esse carbono volta para a atmosfera.
Luciana Gatti defende a decretação de estado de emergência na região lesta da Amazônia para implementar planos de restauração florestal e de desmatamento zero.