Em 4 de dezembro de 2006, foram criadas cinco unidades de conservação (UCs) no norte do Pará: as Florestas Estaduais (FLOTAs) de Faro, Trombetas e Paru; a Estação Ecológica (ESEC) Grão Pará e a Reserva Biológica (REBIO) Maicuru. Para celebrar os 15 anos dessas UCs, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) e o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (IDEFLOR-Bio) lançaram no sábado, 4/12, o mapa das Áreas Protegidas (APs) do Norte do Pará.
O documento traz informações atualizadas sobre dimensão territorial de cada AP, as populações que habitam a região, as atividades econômicas e as funções das áreas protegidas. Ele foi desenvolvido por equipes de pesquisa e da área técnica das três instituições para ser utilizado como ferramenta informativa e educativa.
No norte do Pará, situam-se ainda outras APs: cinco Terras Indígenas, quatro UCs federais, outras duas UCs estaduais e sete Territórios Quilombolas.
Por isso, a pesquisadora do Imazon, Jakeline Pereira, destaca que viabilizar um material como o mapa ao público é uma forma de tornar o território mais conhecido, engajando as pessoas em sua defesa pela conservação da floresta amazônica.
A Calha Norte paraense abriga o maior conjunto de Áreas Protegidas do mundo, com aproximadamente 22 milhões de hectares (78% da Calha Norte). Este, por sua vez, com os corredores do Amapá e Central da Amazônia, forma o maior corredor de biodiversidade do mundo.
A Floresta Estadual (Flota) do Trombetas, por exemplo, possui uma área de aproximadamente 3,2 milhões de hectares, representando em torno de 14% da área territorial da Calha Norte. Essa UC possui alto potencial para manejo de produtos não madeireiros, principalmente castanha-do-brasil, além do ecoturismo.
Recursos e fiscalização
As unidades de conservação geram recursos aos municípios onde estão localizadas por meio da compensação ambiental, verba que auxilia nas políticas públicas relacionadas à proteção da floresta e de seus povos. Gerados a partir dos processos de licenciamento de alguns empreendimentos, esses recursos têm a destinação definida pela Câmara de Compensação Ambiental, que é presidida pela Semas.
A secretaria também realiza a fiscalização dentro das unidades de conservação, em parceria com o IDEFLOR-Bio.
Unidades de Conservação
Com a missão de proteger os ecossistemas e conservar os recursos naturais do nosso Estado, as unidades de conservação são geridas com base no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) – Lei 9.985/2000. A presidente do IDEFLOR-Bio, Karla Bengtson, explica que UCs são espaços terrestres e aquáticos que garantem a proteção da biodiversidade da Amazônia, em especial espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção no Pará.
“As 5 UCs que completam 15 anos de criação estão destacadas no mapa, onde é possível visualizar a localização de cada área, limites geográficos, formatos e rios, além dos territórios indígenas e quilombolas. A publicação constitui-se como uma ferramenta para auxiliar em estudos geográficos das áreas protegidas do Norte do Pará”, disse.
BAIXE AQUI O MAPA ÁREAS PROTEGIDAS DO NORTE DO PARÁ
Conheça as cinco UCs
Floresta Estadual de Faro – Floresta Estadual de Faro abrange os municípios de Faro e Oriximiná, ocupa 613.867,67 hectares de floresta nativa conservada, compreendendo o bioma Amazônia, onde abriga rica biodiversidade de fauna e flora, com ocorrência de espécies endêmicas. Tem em sua área de abrangência uma sobreposição com Terras Indígenas e Territórios Quilombolas.
Além de poder contemplar a beleza cênica local, na FLOTA de Faro é possível realizar trilhas ecológicas, como a Trilhas do Cumaru (5km), na comunidade do Português, e trilha da comunidade do Monte Sião (2,5km), participar da pesca esportiva no período de seca do rio Nhamundá que acontece de agosto a dezembro, observar a desova de quelônios da Amazônia (tartaruga e tracajá) no período de seca do rio ao final do mês de setembro
Floresta Estadual do Paru – Ocupa uma área de 36.129,14 Km2 (3.612,914 hectares), compreendendo os municípios de Almeirim, Monte Alegre, Alenquer e Óbidos, onde abriga rica diversidade de fauna e flora além de uma paisagem exuberante do bioma Amazônia. Cerca de 96% de sua área é coberta por florestas bem conservadas.
As atividades de banho nas cachoeiras e passeios nas corredeiras, são as atividades de turismo ecológico mais comuns na UC, e conta com atividades de turismo da natureza como cachoeiras e corredeiras, destacando-se, a Panamá, Bacuri e a cachoeira Santo Antônio, esta última localizada no entorno da FLOTA, é conhecida por sua queda de aproximadamente 50 metros. Na flota é possível contemplar as árvores gigantes da Amazônia, assim como seus fascinantes castanhais, que garante a subsistência das populações tradicionais extrativistas da região.
Floresta Estadual do Trombetas – A Flota do Trombetas abrange os municípios de Oriximiná, Óbidos e Alenquer, ocupando 3.172.978 hectares de floresta nativa conservada, o correspondente a 31.729,78 Km2 compreendendo o bioma Amazônia, onde abriga rica biodiversidade de fauna e flora, com ocorrência de espécies endêmicas.
É uma Unidade de Conservação Ambiental (UC) que se enquadra na categoria de Unidade de Uso Sustentável. Este tipo de UC tem como objetivo básico compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais (com ênfase em métodos de exploração sustentável da floresta nativa), defender os direitos das populações tradicionais, pesquisa científica e visita pública condicionada às normas estabelecidas em seu plano de manejo e órgão gestor.
Estação Ecológica Grão-Pará ou ESEC Grão-Pará – Abrange quatro municípios: Monte Alegre (3,44%), Oriximiná (75,89%), Alenquer (13,31%) e Óbidos (7,36%), em uma área de 4.245.819,11 ha, e incorpora porções das bacias hidrográficas dos rios Maicuru, Curuá, Cuminapanema, Erepecuru, Trombetas e Mapuera.
No município de Oriximiná limita ao Norte com Guiana (na TI Wai-Wai) e nos municípios de Óbidos e Alenquer limita ao Norte com a TI Parque do Tumucumaque; ao Sul com a TI Trombetas-Mapuera, com a FLOTA de Trombetas, com a TI Zo’é e com a FLOTA Paru; a Leste com a TI Parque do Tumucumaque, no Município de Oriximiná, e nos Municípios de Alenquer e Monte Alegre limita com a TI Rio Paru D`Este e com a REBIO Maicuru; e a Oeste limita com o Estado de Roraima. Está integralmente localizada na Zona de Proteção Integral da Calha Norte Paraense, de acordo com a lei do Macrozoneamento Ecológico e Econômico (Lei Estadual N°6.745/2005). É a maior UC de Proteção Integral de florestas tropicais do Planeta.
Reserva Biológica Maicuru ou Rebio Maicuru – A REBIO Maicuru possui mais de 1 milhão de hectares, foi criada com objetivo de preservar os ecossistemas naturais existentes e contribuir para a manutenção dos Serviços Ambientais e recargas de aquíferos, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades controladas de educação ambiental.
A Reserva possui Plano de Manejo, publicado e em vigor desde o ano de 2011. Nos estudos que antecederam o plano, foram registradas 88 espécies de peixes, 31 de anfíbios e 34 de répteis na REBIO Maicuru.
Em 2012, a REBIO Maicuru passou a ser uma das Unidades de Conservação do Estado do Pará financiadas pelo Programa ARPA (Áreas Protegidas da Amazônia), do Ministério do Meio Ambiente.