Uma pesquisa liderada por cientistas do INPE mapeou o total de biomassa presente acima do solo da Floresta Amazônica. Além de ser o maior levantamento de biomassa já feito em uma floresta tropical em todo o mundo, o estudo pode contribuir para definição de políticas de planejamento, conservação e manejo sustentável da vegetação amazônica.
O estudo foi publicado no Scientific Data. Para chegar aos resultados, combinou varredura por lasers aerotransportados, imagens de satélite e inventários de campo geolocalizados. Tudo isso integrado por tratamento computacional pesado com aprendizado de máquina, explica Agência FAPESP.
“Nosso trabalho estimou a biomassa total da Floresta Amazônica, com base no mapeamento de 3,6 mil km2 por meio de transectos (faixas de terreno ao longo das quais são registradas e contabilizadas ocorrências de interesse) distribuídos por todas as categorias de vegetação da região. E mostrou uma concentração média de biomassa de 174 toneladas por hectare e um máximo de 518 toneladas por hectare”, conta Jean Ometto, pesquisador sênior do INPE, integrante do comitê de coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG) e primeiro autor do artigo.
O levantamento principal foi feito via varredura por lasers aerotransportados. Em duas campanhas consecutivas – 2016/2017 e 2017/2018 – foram coletados dados de 901 transectos, distribuídos por todas as partes da floresta. Cada transecto cobria uma área de, no mínimo, 375 hectares.
Como a Amazônia foi intensamente devastada no governo anterior, posterior ao levantamento, os pesquisadores alertam que hoje o valor total da biomassa é certamente menor do que o apurado. Nas áreas desmatadas, o cruzamento dos dados do mapa com informações de desmatamento providas pelo sistema PRODES, do INPE, permite calcular, com maior precisão, a perda de biomassa e a correspondente emissão de CO2 na atmosfera.
“Na verdade, nosso objetivo não foi criar um mapa estático, mas produzir uma série histórica. Refazer o mapa em um ou dois anos nos permitirá saber se está ocorrendo perda ou ganho de biomassa”, pontua Ometto.