Alvo da cobiça de garimpeiros, a Terra Indígena (TI) Munduruku, localizada entre os municípios de Itaituba e Jacareacanga, no sudoeste paraense, passa por um processo de desintrusão (retirada de invasores) há três meses. Nesse período, já foram realizadas 419 ações de combate ao garimpo ilegal, com destruição de 91 motores, 27 retroescavadeiras, 53 acampamentos e veículos. O resultado causou um prejuízo financeiro aos criminosos estimado em R$ 97,5 milhões.
Durante o trabalho também foram apreendidos equipamentos eletrônicos e ferramentas logísticas que dão suporte às atividades. Um dos pontos de atenção é com a fuga para unidades de conservação próximas, como Área de Proteção Ambiental Tapajós, assim como as tentativas de burlar fiscalizações utilizando rotas alternativas e pequenos transportes.
Para o coordenador geral da operação, Nilton Tubino, a retomada da TI Munduruku é um passo importante para a reparação da justiça e para a preservação da Amazônia. No local, vivem cerca de 9 mil pessoas distribuídas em 61 aldeias.
“O reforço da presença de agentes federais cria um ambiente de segurança e fortalece o tecido social da região, reduzindo as tensões provocadas por invasores e incentivando a reconstrução das dinâmicas comunitárias”, acrescenta Tubino.
A operação de desintrusão foi determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da ação judicial de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 709 movida pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que pedia cumprimento de medidas de proteção às comunidades indígenas para diante do aumento dos conflitos nos territórios provocados pela exploração garimpeira. No total, 20 órgãos federais atuam de forma integrada na operação.
“A preservação da Terra Munduruku é uma prioridade nacional e internacional. O Brasil reafirma o papel na proteção das florestas e dos povos que são os maiores guardiões da biodiversidade”, afirma a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.