A contaminação por mercúrio, impulsionada principalmente pelo garimpo ilegal expõe diariamente milhões de pessoas da Amazônia a sérios riscos à saúde. Diante dessa ameaça que promove também a devastação, foi lançado um plano estratégico para orientar ações de mitigação dos impactos do mercúrio sobre o meio ambiente e as populações locais.
O documento busca oferecer às comunidades e ao poder público um conjunto de soluções nas áreas da saúde, segurança alimentar e recursos hídricos.
Esses três eixos têm relação direta entre si e são os principais afetados pelo uso do mercúrio na extração de ouro. A substância contamina os rios e os peixes, comprometendo a alimentação das comunidades que ficam expostas a graves problemas de saúde, incluindo danos neurológicos em crianças e mulheres. Estudos na região já comprovaram que os peixes de todos os estados amazônicos apresentam níveis de contaminação acima do limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Entre outras ações, o plano propõe o monitoramento contínuo dos níveis de mercúrio nas áreas afetadas, a implementação de programas de saúde especializados, a instalação de sistemas de tratamento de água, proteção das nascentes e fiscalização rigorosa para prevenir novos focos de contaminação, além de programas regionais e nacionais para monitorar a contaminação dos peixes e apoiar os pescadores.
“Essas ações devem ser acompanhadas de perto para garantir sua eficácia, especialmente com relação à segurança hídrica e alimentar das comunidades afetadas”, destaca Ariene Cerqueira, analista de Políticas Públicas do WWF-Brasil.
Para a organização, a implementação deste plano é crucial para reduzir a exposição ao mercúrio e garantir o cumprimento das responsabilidades do Brasil como signatário da Convenção de Minamata. O acordo foi adotado em 2013 na cidade de Minamata, no Japão, onde ocorreram graves envenenamentos por mercúrio nas décadas de 1950 e 1960.