O governador do Pará, Helder Barbalho, anunciou na terça-feira, 24, durante o evento Casa Amazônia NY, na Semana do Clima de Nova York, o que está sendo chamado de maior contrato de comercialização de créditos de CO2 na história. Foram vendidos para a Coalizão LEAF 12 milhões de créditos de carbono a US$ 15 por tonelada, totalizando R$ 982 milhões.
A Coalizão LEAF é uma iniciativa pública e privada internacional que reúne grandes empresas como Amazon, Bayer, BCG, Capgemini, H&M Group, Fundação Walmart, além de governos como Noruega, Reino Unido, Estados Unidos e Coreia do Sul.
A coisa funciona assim: cada país, estado ou empresa tem uma cota máxima de gases do efeito estufa que pode emitir. Se qualquer um deles conseguir reduzir suas emissões abaixo dessa cota, com a redução do desmatamento, por exemplo, como aconteceu com o Pará, ele gera créditos de carbono. Esses créditos podem ser vendidos para outras empresas ou países que excederam sua cota e precisam compensar suas emissões.
No caso específico do acordo do Pará com a Coalizão LEAF, a redução do desmatamento no estado, entre 2023 e 2026, resultará na geração de créditos de carbono de alta integridade. Esses créditos, por sua vez, financiarão, já a partir de 2025, projetos que visam proteger a floresta e promover o desenvolvimento sustentável das comunidades indígenas e tradicionais, garantindo a melhoria da qualidade de vida e a valorização de seus conhecimentos tradicionais.
O Pará reduziu em um ano 42% os alertas de desmatamento. Para Barbalho, é uma obrigação que os benefícios financeiros obtidos com a conservação da floresta sejam repartidos com as populações da floresta. Em suas redes sociais, o governador destacou que os recursos vão apoiar “as comunidades tradicionais, a agricultura familiar, povos quilombolas, indígenas, aqueles que ajudam na preservação da floresta, e também apoiar o Estado a continuar a sua agenda de combate ao desmatamento”.
O Pará tem uma meta ousada de ser um estado com carbono neutro até 2036. Por isso, investe em mercado de carbono para preservar seu estoque florestal e investe na criação de novas economias baseadas na natureza para que possamos garantir com que as pessoa tenham renda emprego, condição social que estejam atreladas a soluções que não pressionam a floresta e com isso nos possamos garantir que o estado possa neutralizar sua emissões evitando desmatamento”, disse ao JN.
Esta é a primeira transação do Pará no mercado de carbono, que pode se tornar um importante vetor para o desenvolvimento sustentável. De acordo com o governo, o estado tem o potencial de comercializar um total de 156 milhões de toneladas de carbono não emitidas na atmosfera em decorrência da queda nos índices de desmatamento entre os anos de 2017 a 2021.