Um levantamento mostrou pela primeira vez o percentual de irregularidade da exploração madeireira para toda a Amazônia. Conforme o estudo, quase 40% da área com registro da atividade na região não teve autorização dos órgãos ambientais. E 15% da extração não permitida ocorreu apenas dentro de áreas protegidas, como terras indígenas e unidades de conservação.
Com Mato Grosso na liderança, Pará foi o segundo estado com a maior área de exploração madeireira na Amazônia, com 57 mil hectares (15%). Rondônia, Amazonas, Acre e Roraima tiveram áreas abaixo dos 20 mil hectares afetadas pela atividade, o que representa percentuais entre 4,3% e 0,3% do mapeado na região.
Sete em cada dez hectares de florestas com exploração madeireira não autorizada na Amazônia estão em Mato Grosso.
Os outros três estados da Amazônia Legal não tiveram as imagens de satélite analisadas, sendo o Amapá devido à alta cobertura de nuvens e o Tocantins e o Maranhão por terem áreas ainda menores com a atividade.
Imagens
Publicada pela Rede Simex (Imazon, Idesam, Imaflora e ICV), a pesquisa mapeou por meio de imagens de satélite 377 mil hectares com extração de madeira na Amazônia entre agosto de 2020 e julho de 2021. E, de forma inédita, conseguiu acesso aos dados públicos das autorizações para a atividade emitidas pelos órgãos ambientais de todos os estados analisados.
Áreas protegidas
Entre agosto de 2020 e julho de 2021, as terras indígenas e as unidades de conservação tiveram 21 mil hectares explorados irregularmente, o que é semelhante ao tamanho de João Pessoa.
O território indígena mais prejudicado foi o Aripuanã, em Mato Grosso, onde mais de 4 mil hectares tiveram extração madeireira.
Caso Goianésia
Um dos territórios mais ameaçados pelos madeireiros ilegais é o Amanayé, que fica no município de Goianésia do Pará. Embora presente na base de dados de terras indígenas da Fundação Nacional de Índio (Funai), esse território ainda aguarda homologação, o que o coloca ainda mais em risco. No local, 1.255 hectares tiveram exploração de madeira entre agosto de 2020 e julho de 2021, o que corresponde a 73% da área com a atividade ilegal nas terras indígenas do Pará.
A segunda área indígena mais afetada no período foi a Baú, com 205 hectares (12%); seguida da Sarauá, com 117 hectares (7%); da Cachoeira Seca, com 94 hectares (5%) e da Anambé, com 49 hectares (3%). Isso coloca em risco a vida e a cultura de pelo menos seis povos, sendo um deles de indígenas isolados: Amanayé, Isolados Pu´rô, Mebêngôkre Kayapó, Mebêngôkre Kayapó Mekrãgnoti, Arara e Anambé.
Fonte: Imazon