A eliminação parcial e gradual da vegetação da Amazônia, processo conhecido como degradação, disparou em 2024, com uma alta de 597%em relação ao ano anterior. Mais de 36 mil km² de floresta foram impactados, principalmente pelo fogo, contra 3,7 mil km² em 2023, segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Com esse avanço, esse tipo de dano à floresta emitiu 2,5 vezes mais gases de efeito estufa do que o desmatamento no ano passado, segundo cálculo da organização, totalizando 161,4 milhões de toneladas de CO₂ equivalente (CO₂e)
Entre essas categorias, as Terras Indígenas (TIs) foram as mais afetadas, representando 41,6% (15 mil km²) do total degradado na Amazônia. Quase um terço dessa degradação ocorreu na TI Kayapó, onde foram devastados 4,9 mil km².
Já nas Unidades de Conservação (UCs), o SAD identificou 4,6 mil km² afetados. A Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu teve 1,4 mil km² impactados, área maior do que a da cidade do Rio de Janeiro. Em seguida, está a Floresta Nacional do Jamanxim, com mais de 800 km².
Impacto na produção agropecuária
A degradação da floresta tem impacto direto na agropecuária, alterando o equilíbrio climático, reduzindo a umidade e elevando as temperaturas. A escassez de chuvas e o calor excessivo prejudicam o crescimento das lavouras, comprometem pastagens e reduzem a produtividade no campo. Além disso, o solo degradado se torna menos fértil, dificultando a recuperação das áreas produtivas.
O impacto da degradação no clima e no solo ameaça não apenas a biodiversidade, mas também a segurança hídrica e alimentar do país, tornando a produção agropecuária mais vulnerável e menos sustentável a longo prazo. Ações para conter a degradação são essenciais para garantir o equilíbrio ambiental e a continuidade da produção rural.
Seca extrema e queimadas aceleram a degradação
A pesquisa do Imazon indica que a degradação da floresta se agravou durante a estiagem severa de 2024, afetando mais da metade dos municípios amazônicos. Segundo o estudo, 9 em cada 10 terras indígenas sofreram os impactos da seca prolongada.
Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon, ressalta que esse cenário tornou a floresta mais vulnerável ao fogo, levando a um aumento de 1.000% nas queimadas entre agosto e setembro, meses de maior estiagem.
A Terra Indígena Kayapó, no Pará, sofreu com queimadas associadas ao avanço do garimpo ilegal, enquanto na APA Triunfo do Xingu, o fogo foi impulsionado pelo avanço da pecuária, com 45% da floresta original já convertida em pastagens. Já na Floresta Nacional do Jamanxim, a degradação também foi impulsionada pelo interesse de mineradoras, que utilizam o fogo para facilitar a ocupação da área.