Por Fabrício Queiroz
A busca por estratégias para conter as mudanças climáticas tem contribuído para o avanço do setor de energias renováveis no Brasil. Um dos destaques nesse segmento é a energia solar, que já é responsável por 14,8% da matriz energética do País, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) referentes a julho de 2023.
De acordo com o mesmo levantamento, o Brasil tem atualmente mais de 32 GW de potência operacional oriunda desse segmento, sendo 10 GW proveniente de grandes usinas solares e 22,5 GW em instalações menores. No ranking nacional, o Pará aparece na 13ª posição e lidera a produção de energia solar na Região Norte, com 657,5 MW de potência instalada.
Em um cenário de expansão do mercado e com maior demanda por energia renovável, a expectativa é que o Pará mantenha uma posição de referência nesse setor. Recentemente, o Governo do Estado anunciou a criação do programa Energia Limpa, que visa promover o uso da energia solar na administração pública, contribuindo assim para a redução de custos e das emissões de gases do efeito estufa.
Para isso, o programa vai viabilizar a construção da primeira usina de energia solar do estado, atendendo 106 prédios públicos já na primeira fase. Segundo o governador Helder Barbalho, a expectativa é que todos os órgãos públicos sejam abastecidos com energia renovável até a COP 30, em 2025.
“A intenção é que com esta produção, possamos garantir o consumo de energia de todos os prédios públicos do Estado, gerando economia para o custeio da máquina pública, garantindo com que o Estado seja utilizador de energia renovável”, reforçou Barbalho.
Entraves superados
Na avaliação de Daniel Sobrinho, coordenador estadual da ABSOLAR, fatores como a maior oferta de financiamento em bancos públicos e privados, o envolvimento do poder público na promoção de uma agenda sustentável e a maior conscientização da sociedade em relação a essa tecnologia tem ajudado no desenvolvimento das empresas de energia solar.
“Todos os entraves que tinham estão sendo superados. Um deles era o desconhecimento da população, que ainda era muito cética em relação a redução do custo da conta de energia. Hoje em dia, as pessoas já não procuram mais com dúvidas, mas sim para contratar e fazer os serviços”, comenta o empresário
Sobrinho frisa que uma das vantagens do sistema fotovoltaico no Pará é o retorno rápido do investimento devido às altas tarifas ainda cobradas no estado.
“O crescimento é exponencial. Naturalmente já teria esse crescimento, mas percebemos que as pessoas estão cada vez mais procurando maneiras de diminuir essa tarifa. Além disso, agora temos o apelo da COP 30 e com o governo dando o exemplo temos tudo para crescer ainda mais do que o previsto porque a energia solar é um dos pilares para melhorar o nosso clima”. Acrescenta Daniel Sobrinho.
Segurança jurídica
Paulo Virgulino, que atua há três anos e meio no ramo e oferece serviços de assessoria para implementação de projetos de alta complexidade, concorda e observa que o mercado vive um momento de expansão.
O empreendedor diz que o crescimento ocorreu principalmente com a regulamentação da lei nº 14.300, que trouxe segurança jurídica para a atividade, mas ele acredita que a perspectiva de realização da Conferência da ONU sobre Mudança do Clima em Belém deve impulsionar ainda mais esse segmento.
“As expectativas são as melhores porque a COP 30 fala de clima e de sustentabilidade, então tem tudo a ver com o segmento em que a gente está inserido que é a geração de energia através de fontes solares, independentemente de ser dentro da geração distribuída, que são pequenos e médios projetos, até geração centralizada, que são grandes usinas. Esperamos receber muito investimento, mas também um olhar diferenciado para a Amazônia para que a gente consiga implementar vários projetos”, afirma Paulo Virgulino.
Apesar disso, o empresário acrescenta que outras medidas de fomento ainda são necessárias para que o potencial da energia solar seja melhor explorado em prol do desenvolvimento sustentável.
“Os grandes desafios são em termos de tarifas, as regras da concessionária e a melhoria da infraestrutura de rede para suportar a energia produzida por grandes usinas. A gente espera que as nossas autoridades se sensibilizem com isso, principalmente com a chegada da COP 30 porque precisamos de uma flexibilização em vários aspectos para que a gente consiga de fato avançar igual outros estados avançam”, destaca Virgulino.