O Pará é o estado brasileiro com a maior área da Amazônia (35%) sob risco de desmatamento em 2025. A previsão é da plataforma de inteligência artificial PrevisIA, do instituto de pesquisa Imazon, que estima que mais 6.531 km² sejam derrubados no bioma em 2025, o que seria 4% a mais do que o registrado neste ano
A plataforma tem indicado as áreas ameaçadas na região desde 2021 com uma assertividade média de 73% nesses últimos quatro anos.
Segundo a previsão, o Pará também abriga a Terra Indígena mais ameaçada em 2025: (TI) Kayapó, com risco de desmatamento equivalente a 2,5 mil campos de futebol, além da Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, no sudeste do Estado, com o risco de desmatamento a quase 10 mil campos de futebol. Este é o quato ano consecutivo que a unidade de conservação figura como a mais ameaçada da Amazônia.
Calendário do desmatamento
A estimativa da ferramenta segue o chamado “calendário do desmatamento”, que vai de agosto de um ano a julho do ano seguinte, assim como os dados oficiais do governo federal. Conforme o Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram devastados 6.288 km² entre agosto de 2023 e julho de 2024, uma queda de 31% em relação a 2023.
Para 2024, a PrevisIA havia apontado 8.959 km² sob ameaça de desmatamento na Amazônia, sendo 5.207 km² sob risco muito alto, alto e moderado. Já na previsão da plataforma para o próximo ano, que aponta 6.531 km² sob ameaça de devastação entre agosto de 2024 e julho de 2025, 2.269 km² (35%) estão sob risco muito alto, alto ou moderado.
Ou seja: essas seriam as áreas prioritárias para as ações de prevenção. Os outros 4.262 km² (65%) estão sob risco baixo ou muito baixo de desmatamento.
“Se atuarmos para proteger as áreas indicadas pela PrevisIA sob risco muito alto, alto ou moderado de desmatamento, poderemos reduzir ainda mais a derrubada da Amazônia em 2025 e avançar em direção à meta de desmatamento zero em 2030. Ação essencial para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no Brasil e mitigar os efeitos das mudanças climáticas que já estão nos afetando seriamente, como as cheias no Rio Grande do Sul e as secas na Amazônia. Precisamos usar essa tecnologia a favor da floresta”, afirma o pesquisador do Imazon e coordenador da PrevisIA, Carlos Souza Jr.
Estratégias de proteção
Atualmente, a plataforma é usada pelos ministérios públicos de quatro estados da Amazônia Legal para basear estratégias de proteção da floresta: Pará, Amazonas, Mato Grosso e Acre. O Ministério Público do Pará, por exemplo, pretende liderar uma ação de conscientização para a prevenção do desmatamento a partir dos dados da PrevisIA.
A ideia consiste em enviar aos órgãos de meio ambiente estaduais e municipais as informações das áreas classificadas na PrevisIA sob risco muito alto e alto de desmatamento que possuem Cadastro Ambiental Rural (CAR), para que esses órgãos tenham maior rigor nos procedimentos de licenciamento ambiental, nas operações de fiscalização e na própria análise desses CARs.
“Além disso, as informações também serão enviadas aos detentores desses CARs, para que adotem as medidas necessárias para evitar o desmatamento e, consequentemente, os processos de embargo e de responsabilização”, explica o pesquisador do Imazon Paulo Amaral, que lidera as ações da PrevisIA juntos aos ministérios públicos.