Mato Grosso e Pará são os estados brasileiros que mais perderam áreas de floresta entre os anos de 1985 a 2022. Os dados foram obtidos pela rede MapBiomas a partir do monitoramento do território por meio de satélites. As informações coletadas mostram que no Pará a redução foi de 18,4 milhões de hectares no período, enquanto que o Mato Grosso está na dianteira da perda florestal, com devastação de 21,4 milhões de hectares.
O levantamento faz parte da Coleção 8 do Mapeamento Anual da Cobertura e Uso da Terra no Brasil, que destaca ainda que a área ocupada por florestas naturais passou de 581,6 milhões de hectares para 494,1 milhões de hectares, o equivalente a uma redução de 15%.
A pesquisa demonstra ainda que o desmatamento está na origem de muitas atividades econômicas. Segundo o estudo, 95% da cobertura arbórea foi convertida em pastagens para a pecuária ou em áreas de cultivo agrícola. Nesse quesito, os biomas que mais afetados foram o Cerrado, com perda de 27% das florestas naturais analisadas no início da série histórica, seguido pela Amazônia, que sofreu com a redução de 13%.
O estudo do MapBiomas leva em conta os diversos tipos de cobertura arbórea encontrados no País. São eles: formações florestais, savanas, florestas alagáveis, mangue e restinga. Na Amazônia, as áreas mais ameaçadas foram as formações florestais, que são caracterizadas pelo predomínio de árvores e dossel contínuo. Na região, 86% da supressão florestal detectada foi nessa categoria.
“As florestas são importantes não apenas para manter o equilíbrio climático, mas também para proteger os serviços ecossistêmicos vitais para a sociedade e sua economia. A perda contínua das florestas representa uma ameaça direta para a biodiversidade, a qualidade da água, a segurança alimentar e a regulação climática”, alerta a coordenadora científica do MapBiomas, Julia Shimbo.
Mas além das florestas continuas também preocupa o estado de conservação de outras formações, como os manguezais e as florestas alagáveis. No caso dos mangues, ocorre uma ampla distribuição em toda a costa brasileira, no entanto, os pesquisadores avaliam que é preciso adotar estratégias de preservação desses ecossistemas considerando as peculiaridades regionais.
Já as florestas alagáveis se estabelecem ao longo de cursos d’água e adquirem fisionomias de matas de várzea ou de igapó. As informações dos satélites revelam que houve uma perda de 430 mil hectares dessa categoria na Amazônia entre 1985 e 2022.
“As florestas alagáveis da Amazônia fornecem diversos serviços ecossistêmicos essenciais. Elas abrigam uma biodiversidade única, atuam como sumidouros de carbono, regulam o ciclo hidrológico e a vazão dos rios. Além disso, mantêm habitats aquáticos e oferecem recursos naturais para comunidades locais. No entanto, esses ecossistemas enfrentam graves ameaças, decorrentes principalmente da atividade humana, como desmatamento, mineração, construção de infraestrutura, mudanças climáticas, queimadas, exploração madeireira não sustentável e poluição da água”, analisa Luis Oliveira Jr. pesquisador da equipe da Amazônia no MapBiomas, que destaca a importância de práticas de gestão sustentável nessas áreas.
Ainda de acordo com o estudo, os estados com maior proporção de floresta são o Amazonas (93%), Acre (85%) e Amapá (82%). Quando se leva em consideração o quantitativo das áreas, os estados com mais floresta são o Amazonas, o Pará e o Mato Grosso. A área florestal do Pará foi estimada em 93 milhões de hectares.