Grandes nuvens de fumaça tomam conta da paisagem e prejudicam a qualidade do ar em cidades do oeste paraense e em Manaus (AM). Os sinais de queimadas podem ser observados em regiões de floresta nativa, como a Área de Proteção Ambiental (APA) de Alter do Chão, em Santarém, e a floresta Serra do Castanhal, em Juruti, mas também atingem zonas urbanas de municípios como Altamira.
Os casos são apenas exemplos recentes da alta ocorrência de queimadas no estado. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revelam que o Pará teve 31.119 focos de incêndio registrados entre janeiro e outubro deste ano, sendo que, desse total, 11.378 foram no mês passado. De acordo com o órgão, esse foi o segundo pior índice para o mês de outubro na série histórica dos últimos 25 anos.
Alter do Chão
Considerada o caribe amazônico, Alter do Chão ganhou fama internacional e se projetou como um dos principais destinos turísticos paraenses. Mas quem vive e frequenta a região nesse período tem convivido com um cenário nada atraente. Vídeos que circulam na internet mostram um incêndio de grandes proporções na proximidade das comunidades Ponta de Pedras e Pajuçara.
O 4º Grupamento de Bombeiros Militar (4º GBM) informou ao G1 Santarém que o fogo já foi controlado. A suspeita é que a queimada tenha sido causada por ação humana, visto que a APA está sob forte pressão imobiliária e abertura de loteamentos. Além disso, as altas temperaturas e a força dos ventos registrados na região facilitaram a propagação das chamas.
Juriti
A situação também preocupa em Juruti, ainda no oeste paraense. Imagens divulgadas por meio das redes sociais mostram um incêndio consumindo a floresta de Serra do Castanhal, conforme informou O Liberal. No município, o Corpo de Bombeiros informou que monitora o caso e atua para evitar o avanço do fogo.
Outras regiões afetadas incluem Altamira, no sudoeste do estado, e a Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, onde os brigadistas encontram dificuldades para combater as chamas que são encontradas mesmo na mata fechada.
“Teve dias que eu não consegui chegar perto do fogo, teve dia que a gente cortou mais de 10 árvores no caminho para chegar com carro ou moto”, contou ao G1 Pará o bombeiro Júlio César Galúcio.
Fumaça prejudica Manaus
Essa grande proporção dos incêndios no estado faz a fumaça se dissipar até áreas bem afastadas, como é o caso da capital amazonense, que fica a aproximadamente 600 km de distância. Na Região Metropolitana de Manaus, 149 focos de incêndio de baixa intensidade foram registrados entre 26 de outubro e 3 de novembro. Porém, nas últimas semanas a cidade tem ficado encoberta por fumaça, que seria oriunda das queimadas ocorridas no Pará, onde houve 5.305 focos de incêndio no mesmo período.
“Podemos verificar por imagens dos satélites que todos os municípios que sofrem influência do Rio Amazonas, que serve como um corredor de fluxo de ventos, até chegar em Manaus têm sido impactados pela fumaça mesmo sem ter focos de incêndios registrados”, disse o secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Eduardo Taveira ao G1 Santarém.
O problema da propagação de queimadas e calor seria ainda agravado pela falta de chuvas e o calor intenso dessa época que coincide com o El Niño. A previsão do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) é que o período chuvoso comece apenas em dezembro, no entanto há o temor que a precipitação seja mais baixa devido à influência do fenômeno climático.